O surto, o terceiro com mais casos em todo o mundo, foi considerado extinto a 21 de novembro, no final da última reunião da taskforce criada para acompanhar o assunto, com entidades da saúde, ambiente ou meteorologia, quando o ministro da Saúde realçou a resposta dos hospitais que "trataram mais de 300 pneumonias".

Com a divulgação de resultados laboratoriais a apontar para uma relação entre as bactérias recolhidas em doentes para análise e aquelas encontradas numa torre de refrigeração da empresa Adubos de Portugal, e com o caso a passar para a Procuradoria Geral da República, o segredo de justiça é o argumento de algumas entidades, como a Inspeção Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT), para não se falar sobre o desenvolvimento do processo.

No início, dava-se conta da entrada de 13 pessoas no Hospital de Vila Franca de Xira com sintomas que apontavam para episódios provocados pela bactéria legionella, mas relacionavam as situações com o facto de todas terem bebido água.

Vila Franca de Xira como ponto em comum entre os casos

O número de casos foi aumentando e os doentes apareciam em vários pontos do país e mesmo no estrangeiro, tendo como ponto em comum a passagem pela região de Vila Franca de Xira, nomeadamente nas freguesias de Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria, tendo sido acionado um plano de contingência.

Perante a preocupação dos habitantes, foi esclarecido que a doença do legionário, provocada pela legionella pneumophila, não é transmitida por se beber água, contraindo-se pela inalação de gotículas de vapor de água contaminada de dimensões muito pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

O diretor-geral da Saúde, Francisco George, aconselhou, por isso, as pessoas a não tomar duches nem utilizar hidromassagens ou jacuzis até que fosse identificada a fonte da infeção, mas garantiu ser seguro consumir água da rede pública.

No entanto, como medida de prevenção, os reservatórios de Vila Franca de Xira foram desinfetados e a água que abastece as zonas mais afetadas foi tratada com cloro.

Como alguns especialistas esclareceram, a infeção pela legionella está associada a uma deficiente manutenção de aparelhos de ar condicionado ou equipamentos de refrigeração de unidades industriais, por exemplo, criando-se as condições ideais para a bactéria se multiplicar e atingir um grau de concentração que pode ser prejudicial à saúde, ou mesmo causar a morte a pessoas mais fragilizadas.

Sem saber a origem da contaminação, e com a estimativa de que a primeira exposição terá sido anterior a 18 de outubro, foi anunciado e encerramento de piscinas públicas e balneários da região, assim como das principais torres de refrigeração de empresas, ao mesmo tempo que eram feitas vistorias pelas autoridades de saúde em locais públicos, como centros comerciais e hotéis.

Os técnicos da IGAMAOT realizaram ações extraodinárias de fiscalização em algumas empresas, tendo o grupo sido restringindo a cinco, entre as quais a Solvay, a DanCake e a Adubos de Portugal.

Ao longo das semanas, foram várias as críticas vindas de especialistas, associações profissionais, ambientalistas e partidos políticos da oposição. Na área do Ambiente, as principais referem que, devido à alteração da legislação, desde novembro de 2013 que não se fazem auditorias à qualidade do ar interno nos edifícios, e que com a crise económica, as ações de fiscalização foram reduzidas.

Este surto foi considerado uma "grande emergência de saúde pública" pela Organização Mundial de Saúde.