A situação de saúde pública mundial que vivemos desde o ano passado trouxe vários desafios e originou que nos últimos meses entrassem no vocabulário diário diversos conceitos de saúde, diagnóstico e tratamento até então pouco conhecidos.

Um desses conceitos foi o método de diagnóstico através de testes rápidos. Os primeiros testes rápidos surgiram no final dos anos 60, tendo-se popularizado e chegado ao grande público nos anos 80 com os testes de gravidez de farmácia. No entanto, nos últimos meses, os testes rápidos ganharam uma nova notoriedade pelo papel que têm no diagnóstico mais rápido e simples de infecções por COVID-19. Os testes rápidos são ensaios imunocromatográficos que não exigem equipamentos de laboratório e podem ser realizados em qualquer lugar. Os rápidos resultados permitem que as pessoas saibam se estão, ou estiveram, infectadas com alguma doença e quais as medidas a tomar para o seu tratamento ou contenção.

Todavia os testes não são todos iguais e não analisam todos o mesmo tipo de amostras recolhidas no pacientes.

O que distingue um teste rápido do outro são os materiais empregues na sua construção, que vão desde a qualidade do papel de feltro, à membrana, passando pelos anticorpos e antigénios usados para captação, bem como – como é evidente – as diluições dos mesmos, bem como o corte da tira que pode variar entre os 3mm e os 4mm. Todos estes fatores influenciam diretamente a qualidade do teste.

Que tipo de testes rápidos existem?

Existem testes rápidos para a maior parte das patologias existentes, embora atualmente apenas sejam mais conhecidos – por motivos evidentes – os testes de coronavírus.

Nos testes de coronavírus temos os testes de PCR, os testes de Anticorpos e os testes de Antigénio. Cada um deles têm o seu momento de aplicação e saber que momento é esse é a chave para o sucesso.

O que são os testes rápidos antigénios?

São testes que usando uma amostra biológica (que pode ser saliva, esfregaço oro ou nasofaríngeo ou expectoração) determinam a presença a presença de antígeno (neste caso do nucleocapsídeo do coronavírus), que mais tarde vai gerar resposta imunológica pela criação de anticorpos.

No caso do coronavírus estão indicados para serem usados entre o 4º e no máximo 14º a 18º dia após a infeção. A coloração das linhas está diretamente relacionada com a qualidade da amostra recolhida, a carga viral existente e a fase de contágio em que o doente se encontra. 

Como funcionam os testes PCR?

Os testes de PCR são testes totalmente diferentes, com momentos de aplicação distintos. Os testes de PCR devem ser usados entre o 2º e o 10º a 14º dia de infeção. São testes para serem realizados em contexto laboratorial, em condições muito específicas, com pessoal altamente qualificado. Não são testes para serem realizados de forma massiva e são utilizados essencialmente em contexto de investigação. Estes testes determinam a existência de RNA vírico ou seja a existência de fragmentos do vírus.

São testes com elevada especificidade, quando bem executados. Contudo há diversos fatores que podem influenciar os resultados. Os target genes dos reagentes (infelizmente como os preços não são iguais, temos conhecimento de laboratórios que usam apenas reagentes que detectam 2 target genes), o método de recolha, a qualidade da amostra, a preparação do doente e claro o tempo que existe entre a recolha e o processamento da amostra, especialmente quando há a necessidade de transporte da mesma até ao laboratório central e por último o equipamento e as condições do laboratório.

Testes de anticorpos para IgG e IgM?

Os testes de anticorpos também são testes diferentes e destinam-se a avaliar a imunidade e o momento da infeção de acordo com o tipo de anticorpos criados. Os testes de Anticorpos podem ser laboratoriais ou rápidos.

Os testes rápidos podem ser trilines ou de 2 linhas. Se forem trilines terão a distinção entre o IgM e o IgG, se tiverem 2 linhas apenas indicam positivo ou negativo sem a distinção do momento de infeção.

Se for positivo em IgM significa que o doente se encontra entre o 7º e o 14º dia, numa fase inicial da infeção, deverá fazer o teste de Ag ou de PCR para verificação da contagiosidade.

Após o 14º dia e até ao 34º será positivo em IgM e IgG, significando que já está a criar anticorpos de “longo prazo”. Deverá ser feito um teste de Ag para verificação de contagiosidade.

Após o 34º dia será positivo apenas em IgG, significando que já está curado, sendo desnecessário qualquer outro teste adicional.

Como podem acontecer os resultados falsos?

Os resultados falsos (positivos ou negativos) em PCR podem acontecer pelos seguintes motivos:

- recolha insuficiente de amostra;

- tempo decorrido entre a recolha e o processamento

- técnica laboratorial

- contaminação da amostra

- janela temporal

Os resultados falsos em teste rápido de Ag podem derivar do seguinte:

- janela temporal incorrecta

- contaminação da amostra (nomeadamente por meio do profissional de saúde e desinfeção do espaço)

Um artigo da Catarina Almeida, CEO da Pantest, o primeiro laboratório português licenciado pelo INFARMED para o fabrico de testes rápidos por imunocromatografia.