O Canadá advertiu que não tem vocação nem capacidade para responder à procura americana.

"Estas medidas não terão impacto nos preços, ou no acesso dos americanos", disse à AFP Thierry Bélair, porta-voz da secretária canadiana da Saúde, Patty Hajdu. "A nossa prioridade é o acesso dos canadianos aos medicamentos de que precisam", completou.

Mais cedo, numa conferência de imprensa telefónica, o secretário de Saúde norte-americano, Alex Azar, tinha dito que "nenhum presidente teve a vontade da FDA (Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos) de abrir as portas para importações seguras de medicamentos do Canadá".

O Departamento de Saúde publicou um guia e regras propostas, que descrevem duas maneiras de formalizar o plano do presidente, apresentado pela primeira vez no final de julho.

Os estados americanos podem propor programas de importação de medicamentos já autorizados no Canadá. A FDA deve aprovar os programas que permitirão a importação para esses estados específicos. Vermont e New Hampshire, que fazem fronteira com o vizinho do norte, já são candidatos.

No entanto, esses programas não podem incluir medicamentos biológicos – os elaborados com base em moléculas ou organismos vivos –, o que significa que medicamentos como insulina, cujo preço é muito alto nos Estados Unidos, estão excluídos desse programa.

Uma segunda via permitiria às empresas farmacêuticas nos Estados Unidos importar medicamentos vendidos no estrangeiro.

Essa medida ilustra um absurdo do sistema de saúde americano, onde, devido aos intermediários (farmácias, ou empresas de seguro médico), os fabricantes não podem reduzir o preço que os pacientes pagam no balcão.

Portanto, as empresas podem importar as suas versões estrangeiras, mas idênticas, dos seus próprios medicamentos autorizados nos Estados Unidos, incluindo medicamentos biológicos. Estes seriam vendidos sob um código separado e a um preço reduzido.

A medida permitiria que as empresas farmacêuticas "levassem esse mesmo produto aos Estados Unidos para competir basicamente contra seu próprio produto, mas a um preço de tabela mais baixo", destaca Azar.