29 de janeiro de 2014 - 10h20
 Os trabalhadores da Saúde 24 vão ser hoje ouvidos na Comissão Parlamentar de Saúde, para tentarem “solucionar o problema que apresentam, e garantir a qualidade e continuidade da Linha”.
Os funcionários têm protestado contra os despedimentos em curso, que consideram ser uma “retaliação clara por parte da empresa por estes trabalhadores não terem aceitado a redução salarial e exigirem um contrato de trabalho em vez do ilegal falso recibo verde”.
No fim de semana passado (entre sexta-feira e domingo) 50% dos trabalhadores da Linha Saúde 24 fizeram, no Porto e em Lisboa.
Aderiram à paralisação os cem enfermeiros que foram despedidos, mas também muitos outros que ainda estão ao serviço, disse à Lusa Márcia Silva, membro da comissão informal de trabalhadores que hoje estará na Comissão de Saúde.
Esta não foi a primeira vez que os trabalhadores da Linha pararam em protesto contra os cortes e os despedimentos, tendo já feito uma greve de 24 horas no dia 04 deste mês.
A esta greve, que teve uma paralisação quase total, seguiu-se o despedimento de 16 trabalhadores, sem aviso prévio nem justificação, a que se seguiram mais perto de uma centena, perfazendo já mais de 115 pessoas dispensadas, em retaliação pelos protestos, segundo os funcionários.
Entretanto o ministro da Saúde já se pronunciou sobre as complicações laborais na linha, reconhecendo que cerca de 200 enfermeiros optaram por não aceitar a proposta da administração do serviço, mas garantindo que a qualidade está assegurada e que a linha deve mesmo estender a sua área de atuação.
No entanto, a Ordem dos Enfermeiros mostra-se preocupada com as condições contratuais e com os despedimentos destes trabalhadores e consequente perturbação na resposta e na qualidade do serviço prestado, tendo por isso decidido pedir esclarecimentos ao ministro.
A Ordem manifestou-se ainda disponível para se reunir com a administração da Linha, caso esta o solicite formalmente.
Por sua vez, a empresa que gere a Linha Saúde 24 já tinha afirmado que tencionava pedir uma audiência urgente à Ordem dos Enfermeiros para expor o que considera ser situações de falta de ética de alguns profissionais que perturbam um serviço público.
O administrador da empresa admitiu que o “boicote” dos trabalhadores (greve) causava perturbações ao atendimento da Linha, lamentando a falta de princípios éticos de “um grupo minoritário” de profissionais.
Em declarações anteriores à Lusa, o administrador da empresa que gere a linha justificou a redução dos pagamentos com a diminuição do montante que o Estado paga à empresa, que este ano será “70% mais baixo do que o valor inicialmente contratado”.
Entretanto, trinta individualidades, entre as quais o “pai” do Serviço Nacional de Saúde, a investigadora Raquel Varela e o músico Pedro Abrunhosa, subscreveram na terça-feira uma carta contra os “despedimentos” que classificam de “um ataque à democracia”.
Lusa