"Analisámos concentrações de alguns metais pesados e de poluentes orgânicos nessa espécie de tubarão e concluímos que alguns desses poluentes e desses metais pesados, como o mercúrio, aparecem em níveis muito elevados, acima do que é permitido na lei para consumo humano" afirma Sara Novais, coautora do artigo científico e investigadora do Instituto Politécnico de Leiria.

Sendo predadores de topo da cadeia alimentar, estes tubarões ingerem poluentes através de processos de bioacumulação ao longo da cadeia alimentar.

O estudo, baseado em amostras de 20 exemplares diferentes ainda juvenis, concluiu que o seu estado de saúde é preocupante, pois "os tubarões adultos possuirão valores ainda mais elevados, existem ainda níveis crescentes de poluição nos oceanos e potenciais riscos para a saúde humana".

Entre os metais pesados, a investigadora adiantou que foram encontrados "níveis muito elevados" de mercúrio e níveis significativos de alumínio, crómio, manganês, ferro, níquel, cobre, zinco, arsénio, selénio, cádmio e chumbo.

Os níveis de mercúrio, encontrados no músculo, explicou, poderão ter "efeitos neurotóxicos capazes de limitar capacidades cognitivas, sensoriais ou motoras" nos humanos.

Poluentes orgânicos prejudiciais

Foram também encontrados poluentes orgânicos persistentes que têm potencial para causar problemas cerebrais, na tiroide, doenças oncológicas, doenças hepáticas e problemas respiratórios e de pele.

O estudo acaba de ser publicado na revista científica "Science of the Total Environment" e é assinado ainda por Luís Alves, Margarida Nunes, Susana Mendes, João Correia e Marco Lemos, do Instituto Politécnico de Leiria, Philippe Marchand e Bruno Le Bizec, da Universidade de Nantes (França).

Com a colaboração dos investigadores do laboratório de estudos de resíduos e contaminantes dos alimentos da Universidade de Nantes, foram aplicadas técnicas que permitiram avaliar os níveis de stress dos tubarões e chegar a resultados que demonstraram que esses contaminantes provocam danos no ADN dos organismos.

A tintureira ou tubarão azul é a espécie de tubarão mais abundante e mais capturada na costa portuguesa.