14 de junho de 2013 - 11h35
Um projeto piloto desenvlvido em 21 farmácias algarvias permitiu, durante um ano e meio, realizar testes rápidos ao VIH a cerca de 600 pessoas, disse hoje à Lusa a coordenadora regional do programa de prevenção do vírus.
Das pessoas rastreadas, quatro apresentaram resultados reativos, que foram depois confirmados como positivos pelo Hospital de Faro, sublinhou Helena Ferreira, lembrando que o Algarve é a terceira região do país com maior número de casos de VIH por 100 mil habitantes, com uma média de 100 novos casos por ano.
Na maior parte dos casos foram os utentes que solicitaram a realização do teste, a maioria com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos, tanto do sexo masculino como feminino, embora o número de pessoas acima dos 55 anos também tenha sido representativo, indicam dados preliminares referentes ao primeiro semestre do projeto.
De acordo com Fátima Vidinha, psicóloga do Centro de Atendimento e Deteção (CAD) de Faro, cerca de metade das pessoas que realizaram o rastreio ao vírus ao abrigo deste programa nunca o tinham feito antes.
Segundo Helena Ferreira, o projeto teve a vantagem de permitir que os testes se tornassem mais acessíveis à população, abrangendo pessoas que, de outra forma, provavelmente não fariam o rastreio, pelo facto de as farmácias estarem perto dos cidadãos, com horários alargados.
Os resultados do projeto, que decorreu exclusivamente no Algarve, entre junho de 2011 e Dezembro de 2012, estão a ser avaliados pela Direção Geral de Saúde.
A disponibilização de testes rápidos para deteção do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH)/Sida em farmácias já tinha sido implementada com sucesso em Espanha, tendo o modelo aplicado na região sido inspirado no espanhol.
Os técnicos das farmácias envolvidas, situadas em Albufeira, Faro, Loulé, São Brás de Alportel, Tavira, Olhão e Vila Real de Santo António, receberam formação específica para o projeto.
A iniciativa resultou de uma colaboração entre a Associação Nacional das Farmácias (ANF), a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve e a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida.
O Algarve é a terceira região do país, a seguir a Lisboa e Setúbal, com maior número de casos de VIH por 100 mil habitantes, com uma média de 100 novos casos por ano.
Desde o registo do primeiro caso no Algarve, em 1983, até 30 de setembro de 2012, contabilizaram-se 2.159 casos, embora cerca de um terço dos casos reais possam não estar registados.
A maior parte das pessoas são infetadas por via sexual (sobretudo heterossexuais) e a faixa etária com mais casos é a dos adultos jovens, entre os 20 e os 49 anos.
Helena Ferreira alerta ainda para a importância da deteção precoce do vírus, uma vez que, em 2011, mais de 25% das pessoas que chegaram infetadas aos hospitais do Algarve já manifestavam sintomas da doença (Sida).
Só após dez anos de incubação do vírus é que surgem infeções graves, quando o doente já se encontra na fase de Sida, mas se for detetado desde o início nunca se chega a entrar nessa fase, pois a terapêutica atual já consegue controlar a doença.
Lusa