Existem mais de 300 defeitos genéticos que impedem as células auditivas de funcionar corretamente. A descoberta foi feita por um grupo de especialistas da Escola Médica de Harvard, nos EUA, em parceria com investigadores da Universidade Médica de Viena, na Áustria. Pela primeira vez, conseguiram devolver a audição a um animal, usando um vírus adeno-associado, modificado e não patogénico, denominado Anc80L65.
Os pormenores da experiência são relatados na última edição do Nature Biotechnology, uma publicação especializada que promove os avanços da biotecnologia. Em fevereiro deste ano, na sua edição digital, foi divulgado um outro estudo promissor. Através de um vetor de terapia genética melhorado, uma pool de cientistas conseguiu restaurar a audição de ratos de laboratório a um nível de 25 decibéis, o equivalente a um sussurro, o volume máximo conseguido até agora.
Em 2015, um grupo de investigadores do Boston Children's Hospital e da Escola Médica de Harvard já tinha conseguido que ratos geneticamente surdos conseguissem ouvir, ainda que a um nível muito rudimentar. Em 2013, investigadores do Hospital dos Olhos e Ouvidos do Massachusetts, nos EUA, conseguiram regenerar cerca de 200 células ciliadas em ratos que recuperaram parte da audição.
Recentemente, a investigação alcançou uma nova dimensão ao serem criadas mais de 11.500 células ciliadas a partir de uma única célula estaminal do ouvido de um dos mamíferos. A experiência foi realizada por um grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT) e da Universidade de Harvard. Os especialistas esperam, no futuro, aplicar esta descoberta a um tratamento injetável que possa reparar danos na audição.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 360 milhões de pessoas, cerca de 5% da população mundial, sofre de distúrbios auditivos. Desses, 70 milhões são surdos. No final de 2016, especialistas da Universidade de Juntendo, em Tóquio, no Japão, vieram a público afirmar que estavam muito próximos de «encontrar uma cura para a surdez» através de um tratamento com células estaminais.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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