Inquéritos em 10 países de África e dois do Médio Oriente mais afetados pela crise alimentar foram utilizados num relatório da do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado hoje, um dia antes do Dia Internacional da Mulher.
Uma má nutrição em mulheres grávidas e a amamentar pode levar a uma imunidade fraca e a complicações durante a gravidez e o parto. Alguns países da África subsaariana registaram em estudos anteriores elevadas taxas de mortalidade infantil devido a várias complicações.
Globalmente, 51 milhões de crianças com menos de dois anos de idade são demasiado pequenas para a sua idade devido à desnutrição, uma condição chamada atrofiamento, e metade destas tornam-se atrofiadas durante a gravidez ou nos primeiros seis meses de vida, afirma-se no relatório.
“Sem uma ação urgente da comunidade internacional, as consequências podem atingir as gerações vindouras”, disse a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell.
As raparigas e mulheres afetadas aumentaram de 5,5 milhões, em 2020, para 6,9 milhões, em 2022, no Burkina Faso, Chade, Etiópia, Quénia, Mali, Nigéria, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Iémen e Afeganistão, de acordo com o relatório.
A Unicef recomenda o aumento da assistência nutricional e o fornecimento de fortificantes e alimentos básicos altamente consumidos, tais como farinha, óleo de cozinha e sal, para reduzir as deficiências de micronutrientes.
No relatório também se recomenda que seja garantido o acesso das mães grávidas e lactantes a serviços e suplementos nutricionais.
Alguns dos países da África subsaariana têm taxas elevadas de gravidezes adolescentes e baixa frequência de clínicas pré-natais.
Faith Kanini, 28 anos, que vive na capital do Quénia, Nairobi, disse à agência AP (Associated Press) que não tem recursos para frequentar as clínicas pré-natais, embora seja recomendado.
“Eu paguei pelas poucas clínicas que me assistiram. É caro para mim e não posso pagar os prémios mensais do seguro NHIF (State Health) porque estou desempregada e dependo de amigos e familiares”, disse a futura mãe, numa entrevista telefónica.
De acordo com o relatório da Unicef, as mulheres dos agregados familiares pobres têm duas vezes menos peso do que as dos agregados mais ricos.
“A Ásia do Sul e a África subsaariana continuam a ser o epicentro da crise nutricional entre raparigas adolescentes e mulheres, e as regiões onde duas em cada três raparigas adolescentes e mulheres sofrem de baixo peso a nível global, e três em cada cinco raparigas adolescentes e mulheres têm anemia”, acrescenta-se no relatório.
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