“Em Portugal teremos, à data de hoje, um [robot cirúrgico] por cada milhão de habitantes, entre públicos e privados. Um valor muito reduzido face à média internacional. Esperamos para o ano passar a ter um robot por cada meio milhão de habitantes. E vamos tentar que em 2025 haja um novo reforço de investimento, seja com orçamentos próprios ou europeus. Queremos chegar ao rácio de um por cada 350 mil habitantes”, disse Fernando Araújo durante a sessão “Modernização Tecnológica dos Hospitais do SNS” que decorreu esta manhã, no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, em que foi formalizado um programa de investimentos em equipamentos médicos pesados que vai custar 117 milhões de euros e beneficiar 29 unidades hospitalares do SNS.
Incluídos neste pacote estão seis robots cirúrgicos, um número que aumenta para 13 o número de equipamentos com estas características no SNS.
A cirurgia robótica existe há 20 anos e calcula-se que existam cerca de 6.000 robots cirúrgicos no mundo inteiro.
Durante muitos anos, em Portugal e no SNS, só o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, dispunha de um robot cirúrgico oferecido por uma fundação.
Em 2022, existia apenas um equipamento deste tipo e ao longo deste ano foram instalados mais quatro, passando a existir dois no Centro Hospitalar de Lisboa Central, dois no Centro Hospitalar Universitário de Santo António, e um Centro Hospitalar Universitário de São João, ambos do Porto.
Estão em fase de aquisição mais dois para reforçar o Centro Hospitalar Lisboa Norte e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Os seis novos robots cirúrgicos que fazem parte do pacote hoje formalizado serão instalados no Hospital de Braga, no IPO do Porto, no Centro Hospitalar Tondela-Viseu, no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), no Hospital Garcia de Orta e no Centro Hospitalar Universitário da Região do Algarve, de acordo com informação remetida à Lusa após a cerimónia por fonte da Direção Executiva do SNS (DE-SNS).
Regressando à questão do atraso de Portugal em matéria de robots cirúrgicos, Fernando Araújo deu exemplos: “Neste momento Inglaterra tem cerca de 180 equipamentos, portanto tem um por cada 370 mil habitantes, aproximadamente. Espanha, entre públicos e privados, cerca de 130 equipamentos, o que corresponde a um rácio de um robot por cada 350 mil habitantes”.
O diretor-executivo do SNS destacou na sessão que este investimento “é muito importante para transformar o SNS e prepará-lo para o futuro”, apontando sempre para o objetivo de cativar profissionais para trabalhar no SNS.
“Este investimento vai ajudar-nos a fazer essa diferença. A inovação era uma das nossas prioridades”, resumiu.
“Percebe-se claramente que um interno de cirurgia geral ou de urologia ou ginecologia e outras especialidades cirúrgicas que, durante o seu internato, não treina nesta área e que não exerce atividade nesta área, rapidamente vai ficar desatualizado. Uma das nossas dimensões que temos para cativar pessoas é oferecer-lhes a possibilidade de operar com a mais moderna tecnologia”, acrescentou.
Ressonâncias magnéticas, tomografias computorizadas, angiógrafos, câmaras gama e aceleradores lineares são os outros equipamentos do pacote.
Fernando Araújo frisou que o programa “prevê a substituição de equipamentos antigos”, não sendo “um programa de alargamento do parque tecnológico”.
No total serão 81 os equipamentos que substituirão 75 aparelhos “que se encontravam obsoletos”.
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