"A culpa do elevado tempo de espera para consulta está na falta de recursos humanos", garante o médico e professor João Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC).

Para este especialista, o elevado tempo de espera para uma consulta da especialidade não se deve apenas a uma questão de organização, mas à falta de profissionais médicos e não-médicos no Serviço Nacional de Saúde.

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João Morais esclarece que a SPC "está bastante preocupada com as listas de espera para uma consulta da especialidade, e que estas se devem, essencialmente, à falta de recursos humanos, mais do que a questões de organização", lê-se num comunicado enviado pela SPC ao SAPO.

"O grande problema da Saúde em Portugal, neste momento, prende-se com a falta de recursos humanos. O Serviço Nacional de Saúde está cada vez mais a ser esvaziado dos seus profissionais médicos e não médicos e isso tem um preço, que estamos agora a pagar. Se a isso associarmos o facto de as vagas em Cardiologia não terem sido planeadas convenientemente, há hoje hospitais com uma clara falta de profissionais pelo que é natural que alguns deles não consigam dar resposta às solicitações em tempo útil", alerta o especialista.

Cardiologia não é a única especialidade médica afetada por longos tempos de espera. Urologia e Oftalmologia são outras duas áreas onde em alguns hospitais se pode esperar mais do que um ano por uma consulta.

Tempos máximos desrespeitados

De acordo com a Portaria n.º 153/2017, de 4 de maio, ficaram definidos os tempos máximos de resposta garantidos no SNS para todo o tipo de prestações de saúde sem caráter de urgência.

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No caso da Cardiologia, para as primeiras consultas em situação de doença cardíaca suspeita ou confirmada, o tempo de diagnóstico completo e de apresentação da proposta terapêutica ficou estabelecido em 15 a 45 dias após a indicação clínica para os doentes prioritários (nível 2) e 45 dias seguidos após a indicação clínica para os doentes eletivos (nível 1), incluindo-se nestes tempos a realização dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica que sejam necessários para estabelecer o diagnóstico, elaborar a proposta terapêutica e a apresentação à cirurgia ou à intervenção cardiológica.

Para a primeira consulta de especialidade hospitalar, o diploma fixou um tempo máximo de 120 dias seguidos a partir do registo do pedido da consulta efetuado pelo médico assistente através do Sistema Integrado de Gestão do Acesso dos utentes ao SNS.