A Direção-Geral da Saúde (DGS) vai lançar em junho um observatório da segurança do doente e um estudo piloto de um sistema de notificações de “eventos adversos”, que permite aos profissionais registar os erros sem recear punições e represálias.

A data foi avançada à agência Lusa pela chefe da Divisão de Segurança Clínica da DGS, Cristina Costa, nas vésperas do Dia Europeu da Segurança do Doente, que se assinala hoje.

“Não temos neste momento uma cultura de segurança nas unidades de saúde, é preciso criar essa cultura”, lamentou a responsável, adiantando que o novo sistema de notificações será disponibilizado a todos os estabelecimentos depois de testado.

“Algumas unidades já têm, o que vamos fazer é estender o que já existe de forma uniforme e estandardizada. É um sistema único, os hospitais podem ser sistemas próprios, mas têm de ter dados que vertam para este sistema nacional”, acrescentou.

Tantos os profissionais como os doentes e os familiares podem registar neste sistema informático os incidentes ou eventos adversos, ou seja, situações em que surgem complicações indesejadas ou inesperadas decorrentes do cuidado prestado aos doentes e não atribuídas à evolução natural da doença de base, mas a falhas humanas.

As notificações são analisadas por uma equipa que fará anualmente um relatório (disponível ao público) para que se possa aprender com os erros, prevenir os incidentes no futuro e melhorar o clima de segurança.

“Estes sistemas devem ser voluntários, não punitivos e confidenciais, não há perigo de o profissional ser penalizado por notificar. Não quer dizer que sejam imunes. Alguém que sofra o evento adverso tem direito de ser ressarcido, mas para isso há sistemas próprios”, explicou Cristina Costa.

O observatório de segurança, também resultado de um “desafio” da Organização Mundial de Saúde, será uma plataforma de informação sobre a segurança do doente para ajudar a evitar os erros.

Ainda antes do novo sistema de notificações, a DGS vai fazer uma avaliação da cultura de segurança dos hospitais, que será depois monitorizada anualmente.

18 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO