O passo é importante, mas continua longe de dar uma previsão sobre quando será possível ter uma vacina eficaz contra o vírus da sida. Cientistas norte--americanos apresentaram ontem na revista "Science" a descoberta de dois novos anticorpos capazes de neutralizar 91% das estirpes do vírus da imunodeficiência humana (VIH).
John Mascola, autor de um dos artigos na edição da revista científica, explicou ao i que a descoberta do VRC01 e do VRC02, que se junta à descoberta do ano passado de dois outros anticorpos capazes de neutralizar 70% a 80% das estirpes de VIH, "mostram que o sistema imunitário humano consegue fabricar anticorpos potentes contra o vírus".
Mascola, do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, adianta que a importância destes dois anticorpos é serem capazes de actuar nas células que contêm a molécula CD4, a principal via de entrada do vírus no organismo. "Mostram um potencial sem precedentes e neutralizam muito mais estirpes do que os anticorpos que anteriormente se conheciam para este tipo de receptor celular", diz.
Outra vantagem é que, como tanto os anticorpos como a sua interacção molecular foram estudados a um nível atómico, os cientistas já têm ferramentas para fabricar proteínas do VIH, capazes de produzir anticorpos semelhantes, e que finalmente possam dar origem a uma vacina.
Os dois novos anticorpos naturais descobertos revelaram-se eficazes contra 91% das 190 estirpes conhecidas. Mascola adianta que os trabalhos para avançar para uma proposta de vacina estão em curso, mas irá levar anos até que possam entrar em avaliação clínica. "É difícil prever quanto vai demorar, mas é uma prioridade, tal como desenvolver e testar microbicidas, profilaxia pré-exposição e novas formas de diagnóstico."
Douglas Richman, um dos virologistas mais conceituados nos EUA pelo trabalho com VIH, sublinhou também ao i a necessidade de algumas reservas na promessa de uma vacina. "Estes resultados são um passo importante, mas temos de pensar que uma vacina eficaz ou a cura ainda vão exigir passos muito difíceis. Não é realista pensar nisso, senão no longo prazo."
Fonte: Diário Digital / LUSA
2010-07-09
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