4 de abril de 2013 - 12h02
Sete em cada dez mulheres portuguesas sofrem de disfunção sexual, relacionada principalmente com problemas associados ao orgasmo, conclui um estudo da Escola de Ciências da Saúde Universidade do Minho.
Segundo o estudo, as mulheres com disfunção apenas têm relações sexuais oito vezes por mês, contra as 12 das que não sofrem daquele problema.
Mais de metade das mulheres avaliadas disseram não conseguir atingir o orgasmo, devido ao stresse (30,7 por cento), a dores durante o ato sexual, ao vaginismo e a experiências sexuais indesejadas.
O estudo, intitulado “Disfunção sexual feminina em idade reprodutiva – prevalência a fatores associados”, é um dos primeiros a ser desenvolvido a nível nacional para esta faixa etária.
O trabalho pretendeu determinar a prevalência global daquela disfunção e dos seus subtipos em mulheres com idades compreendidas entre os 18 e 57 anos, bem como analisar se existe uma associação com fatores sociodemográficos, método contracetivo ou existência prévia de experiências sexuais negativas.
“Esta disfunção traduz-se por uma alteração em qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual (desejo, excitação e orgasmo) ou ainda por perturbações dolorosas associadas ao ato sexual”, explicou a autora do estudo, Bárbara Ribeiro, alertando para o facto de apenas metade daquelas mulheres encararem a disfunção como um “problema”.
As restantes “tendem a desvalorizar os sintomas”.
“Muitas delas ainda não encaram uma vida sexual plena como parte integrante da sua satisfação pessoal, atribuindo mais valor a outros fatores, nomeadamente a vida familiar e a relação com o parceiro”, acrescentou Bárbara Ribeiro.
Perturbação do orgasmo afeta 20% das mulheres
A perturbação do orgasmo afeta cerca de 20% das mulheres em todas as faixas etárias.
Foram ainda encontradas relações diretas entre a contraceção hormonal/perturbação do desejo e a aversão sexual/experiências sexuais indesejadas.
Assim, 93 por cento das participantes vítimas de violação apresentam disfunção sexual e aquelas que usam contracetivo hormonal têm uma probabilidade 2,6 vezes superior de vir a sofrer de diminuição do desejo sexual, quando comparadas às que recorrem a outro método contracetivo.
As participantes entrevistadas eram utentes de um centro de saúde do distrito de Braga, sendo que a maioria delas era casada (64,2 por cento), com o 12.° ano de escolaridade (23,3%) e empregada (72.6%).
A média de idades encontrada foi de 35,6 anos.
A prevalência da disfunção sexual feminina situa-se entre os 25 e os 63 por cento a nível mundial, embora os estudos realizados sejam ainda escassos.
Lusa