Muitas vezes, ou a maior parte das vezes, os procedimentos de candidatura e seleção de colaboradores são extremamente burocráticos e formais, ou informais e quase ilegais, muito longos, frios, desagradáveis, entediantes, ofensivos, abusivos e repelentes.

A informação é escassa, os procedimentos podem demorar muitos meses ou mais de um ano (sendo o Estado um dos piores exemplos), pode ser exigido um portfólio, exames e classificações e responder a questionários com centenas de perguntas. A formação e experiência formais exigidas, denunciam uma enorme inflexibilidade, insensibilidade e arrogância, e despertam um péssimo presságio. “Pedem muito, oferecem pouco ou quase nada, não inspiram confiança.”

Os contratos, quando os há, são de má qualidade, os salários são baixos e as outras compensações carecem de clareza ou relevância, o arbítrio é frequente.  Acresce que mais tarde se confirma o receio sentido durante a candidatura: a organização da empresa, instituição ou organismo público, ou a ele equiparado, é péssima, o relacionamento entre as pessoas é de idêntica qualidade e não há quem preste atenção ao que se passa.

As leis e as diretivas não são cumpridas e as pessoas são maltratadas, particularmente as mulheres. A legislação é permissiva, os mecanismos de correção e de proteção não funcionam, nem são efetivos.

As pessoas sentem-se enganadas e desprotegidas, entregues a si mesmas.

Para executar um trabalho, seja ele qual for, precisamos de quem o queira realizar e esteja em condições de o fazer ou queira aprender e seja agradável no trato. Procuramos entusiasmo, gentileza, criatividade, iniciativa, vontade de aprender, inovação e sentido de responsabilidade. Temos uma situação excelente quando tudo isto combina com o entusiasmo, a gentileza, a criatividade, a iniciativa, a vontade de aprender, a inovação e o sentido de responsabilidade, corporativa e social, da empresa ou da instituição. Quando nem tudo está presente, podemos combinar como vamos melhorar a situação.

As empresas, os organismos públicos e equiparados, e as instituições devem abrir as portas a todos os interessados e atrair os que deixaram de acreditar. Experimentem o diálogo e a transparência, invistam nas pessoas.

Ser honesto e agradável no trato, gentil e eficiente, é extremamente saudável para todos, a curto e a longo prazo.

A revista Journal of Applied Psychology publicou um artigo de investigação onde os seus autores  estudam a relação entre os vários procedimentos e instrumentos de seleção de colaboradores (“Recursos Humanos”) nos últimos 100 anos e o seu desempenho. Estes investigadores chegam à conclusão  de que a entrevista comportamental estruturada é o melhor instrumento, melhor que a avaliação cognitiva e os testes de personalidade. A entrevista comportamental estruturada é também um método mais honesto quando existem candidatos com origens socioculturais e étnicas diferentes.

Um artigo de opinião de Manuel Fernando Menezes e Cunha, Psicólogo da Saúde e Economista do Desenvolvimento.