O grupo de trabalho para a gestão da informação em saúde da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares apresenta hoje em Lisboa as principais conclusões da sua análise.
Entre os problemas detetados no sistema de saúde português estão a qualidade e cruzamento dos dados e a dificuldade de lhes aceder ou o facto de os hospitais serem “inundados” com pedidos de dados por várias entidades, gastando tempo, esforço e capital humano de forma ineficaz.
Segundo relatório, a que a agência Lusa teve acesso, chegam a ser diferentes os dados sobre o mesmo tema dentro de uma mesma organização de saúde.
“Existe a tendência de ignorar os glossários existentes, mas também existem situações em que as instruções de preenchimento de ficheiros são inexistentes, dúbias ou contraditórias”, refere o documento.
É ainda apontado como problema a “imensidão de dados”, mas, estando muitos deles errados ou incoerentes, “o que consequentemente põe em causa a fiabilidade dos mesmos”.
Outro dos problemas identificado, a nível nacional, é “a dificuldade de comparar dados das diferentes organizações, não só porque o registo de dados é realizado sob condições diferentes, mas também porque a extração de dados é realizada de forma diferente”.
Há até dúvidas se o Ministério da Saúde compara nalgumas situações dados que sejam comparáveis, bem como se conhece o tipo de validação a que esses dados foram submetidos.
O grupo de trabalho sublinha ainda que vários organismos do Ministério têm necessidades parecidas de obter informação e cada organismo contacta as unidades de saúde para obter dados.
O relatório afirma que os hospitais são “inundados” com “solicitações permanentes”, sendo usado tempo, esforço e capital humano numa tarefa que “promove a ineficiência” e poderia evitar-se.
A nível mais local ou hospitalar, o grupo de trabalho salienta falta de capacidade para obter dados em tempo útil, seja por incapacidade de os extrair ou por incapacidade de os cruzar.
Outro dos problemas identificados é que os utentes não conseguem aceder a informação suficiente nos ‘sites’ dos hospitais ou de outras instituições de saúde.
“Os utentes querem saber onde e quando podem ser tratados da melhor forma, com maior qualidade”, além de que a informação que lhes é prestada “não se adapta a cada situação” ou a cada patologia.
O grupo de trabalho da Associação de Administradores Hospitalares entende que a utilização de “Business Intelligence” pode melhorar os cuidados de saúde e facilitar as análises de qualidade e segurança.
A “Business Intelligence”, que surge definida como o uso de informação e de ferramentas de análise especializada, vai além do recurso à tecnologia e pode ajudar a rentabilizar os recursos.
No entanto, o grupo de trabalho avisa que é preciso “que todas as organizações” vão extraindo dados a nível local e os trabalhem, para depois passar a ser possível o tratamento de dados a nível central.
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