6 de maio de 2013 - 15h41
Os gastos com a saúde são a segunda maior despesa mensal das famílias sobre-endividadas com mais de 60 anos que pedem ajuda à DECO, e que em abril já representavam mais de 13 por cento do total de sobre-endividados.
“Nas famílias com mais de 60 anos verificamos um grande desespero para conseguirem ter dinheiro para adquirirem os medicamentos”, contou à Lusa Natália Nunes do gabinete de apoio ao sobre-endividado da DECO.
Esta associação de apoio ao consumidor recebe desde 2012 cada vez mais pedidos de ajuda de pessoas com mais de 60 anos, muitas fiadoras dos filhos em dificuldades económicas e que são chamadas a pagar os créditos contraídos pelos familiares.
Ao gabinete de apoio ao sobre-endividado chegam relatos de “muitas famílias” de idade avançada que contam não terem dinheiro para medicamentos essenciais à sua qualidade de vida e que ficam a dever na farmácia ou pedem ajuda ao farmacêutico para selecionar a medicação mais importante da lista que trazem, uma vez que não têm dinheiro para todos.
Os dados de abril da DECO revelam que os maiores gastos das famílias são as despesas fixas, incluindo habitação, alimentação, eletricidade, água ou gás, independentemente da idade.
“Mas nas famílias com mais de 60 anos as despesas com saúde aparecem logo em segundo lugar, representando uma média de 75 euros de gastos mensais com medicamentos e médicos”, enquanto nos mais novos esta média de gastos é de 35 euros, afirmou Natália Nunes.
Na sexta-feira, numa declaração ao País, o primeiro-ministro anunciou um pacote de medidas para poupar 4,8 mil milhões de euros nas despesas do Estado até 2015, entre as quais a criação de uma contribuição sobre as pensões.
Natália Nunes acredita que mais uma redução no rendimento líquido dos reformados vai levar “com toda a certeza” mais famílias a entrar em dificuldades económicas e a pedir ajuda à DECO para renegociar as dívidas.
Uma contribuição sobre as pensões "vai traduzir-se num agravamento da situação das famílias, pois são os reformados que têm de ajudar os filhos desempregados a pagar as despesas e, desde 2012, verificamos que estas famílias têm cada vez menos rendimento líquido”, conclui Natália Nunes.
Lusa