Numa carta endereçada ao presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), o SIM recorda que “tem alertado nos últimos anos para a contínua degradação das condições de trabalho no Hospital Dr. José Maria Grande”, em Portalegre.
Na mesma missiva, o sindicato evoca ainda que, a 23 de junho, foi enviada uma carta assinada por “quase todos médicos especialistas” em Medicina Interna, onde demonstravam a sua “preocupação” perante a “precariedade” das condições de trabalho.
Os profissionais de saúde alertavam ainda para o “risco de erro médico”, devido ao “elevado número” de doentes a seu cargo, e para a “rotura completa” do serviço de urgência, assim como para uma “incapacidade humana” ao nível da observação e avaliação de “todos os doentes internados” a cargo da Medicina Interna.
“Não são asseguradas as condições mínimas de qualidade assistencial, nem de segurança, nem para os profissionais de saúde, nem para os doentes”, reforçou o SIM.
Na carta que agora envia, intitulada “Hospital de Portalegre em vias de extinção?”, o Sindicato Independente dos Médicos alerta que, apesar dos avisos dos profissionais, as saídas podem aumentar, sobretudo na Urgência, “se esta gravíssima situação continuar”.
“Se se mantiver este ambiente de frustração, irá aumentar ainda mais a saída de médicos deste serviço, persistindo a incapacidade de fixação dos médicos internos formados nesse serviço, o risco acrescido da perda de idoneidade, o que tornará ainda mais difícil a prestação de cuidados com níveis de segurança aceitáveis tanto para os médicos como para os doentes”, argumentou.
O SIM “exige”, assim, ao conselho de administração da ULSNA resposta aos ofícios e aos alertas realizados e que “se garanta segurança aos habitantes de Portalegre”.
Na carta, da qual o SIM dá conhecimento à presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA), ao secretário de Estado da Saúde, aos deputados eleitos por Portalegre e à presidente da Câmara de Portalegre, é referido que a “degradação tem vindo a ser cada mais evidente” no serviço de urgência.
“Desde logo com escalas de urgência interna e externa muito abaixo dos mínimos” e ainda “escalas de obstetrícia abaixo dos mínimos, com médicos escalados 72 horas seguidas e compostas por médicos sem especialidade em Portugal”.
Os profissionais médicos têm assinalado este “incumprimento dos critérios mínimos de segurança”, plasmados pela entrega de documentos relativos à escusa de responsabilidade, mas a ULSNA “preocupa-se unicamente em afirmar, publicamente, que tudo está bem e em aumentar a contratação de médicos tarefeiros, incapaz da fixação de médicos ou de contratar médicos com contrato individual de trabalho por tempo indeterminado”, o que “tem alimentado uma cada vez maior revolta dos médicos”.
A Lusa tentou contactar o conselho de administração da ULSNA, mas até ao momento não foi possível esclarecimentos sobre a carta e críticas feitas pelo SIM.
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