O estudo de investigadores da Universidade de Lancaster, Reino Unido, e da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos, consistiu na identificação como real ou não de um grupo de caras, umas reais e outras geradas por IA, usando o “StyleGAN2”, um algoritmo que produz os rostos artificiais a partir de características de um grande número de modelos reais.

Os resultados do estudo levaram os investigadores a alertar para os riscos das “falsificações profundas” ('deep fakes') e para a necessidade de se criarem mecanismos de salvaguarda contra esses riscos.

A incapacidade de as pessoas identificarem como artificiais imagens geradas por IA pode levar a que, num mundo digital, em que qualquer imagem ou vídeo pode ser falsificada, a autenticidade de qualquer gravação inconveniente ou indesejável pode ser posta em causa, dizem os autores do estudo, conduzido por Sophie Nightingale da Universidade de Lancaster e por Hany Farid da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Os participantes no estudo foram convidados a distinguir rostos sintetizados “StyleGAN2” e rostos reais, e dizer qual o nível de confiança que os rostos evocavam e das respostas saiu a conclusão de que não só os rostos gerados sinteticamente eram altamente realistas como quase indistinguíveis dos reais, e considerados mais dignos de confiança.

Na primeira experiência, 315 pessoas classificaram 128 rostos de um conjunto de 800 como reais ou sintetizados. A taxa de precisão foi de 48%.

Uma segunda fase envolveu 219 novos participantes, mas já com formação na matéria. Classificaram 128 rostos do mesmo conjunto de 800 e a taxa de precisão, apesar da formação, subiu apenas para 59%.

Numa terceira fase foi pedido aos participantes que classificassem a fidedignidade de 128 rostos numa escala de 1 (pouco fidedigno) a 7 (muito fidedigno). A classificação média dos rostos sintéticos foi 7,7% superior aos reais em termos de confiança.

Descobrir que os rostos sintéticos são mais dignos de confiança do que os rostos reais foi o mais interessante da experiência, dizem os investigadores, que admitem que tal se deva a que os rostos criados por IA se assemelham mais a um rosto considerado comum.