26 de maio de 2014 - 11h11
Os rapazes são as principais vítimas de bullying homofóbico nas escolas, de acordo com um estudo realizado em contexto nacional, por investigadores do Instituto de Educação da Universidade do Minho, do Centro Avançado de Sexualidades e Afectos e do Instituto Superior de Psicologia Aplicada.
O artigo, intitulado "(In)visibilidade do Bullying Homofóbico no Contexto Escolar Português", está incluído numa investigação que decorreu ao longo de três anos letivos, entre 2010/2011 e 2012/2013, numa escola pública de Braga. 
O bullying homofóbico, que inclui insultos de carácter sexual como “maricas, gay, bicha, florzinha, maria-macho, fufa, lésbica”, entre outros, é aquele que regista as maiores diferenças entre rapazes e raparigas. Entre os rapazes, 3,8% do 7.º ano foram vítimas deste comportamento; 6,2% no 8.º e 11,5% no 9.º. Entre as raparigas, as percentagens são mais baixas: 2,6% no 9.º ano e 1,2% no 7.º e 8.º anos.
Em comum, neste ponto específico, surge o facto de as percentagens aumentarem de valor de ano para ano.
“É um dado muito preocupante, que mostra que a área da educação sexual e para os afetos tem de ser uma realidade nas escolas. Estes temas têm de ser debatidos, estes comportamentos não podem ser tolerados, tem de se respeitar a diferença”, defende Paulo Costa, investigador principal, do Instituto de Educação da Universidade do Minho, citado pelo jornal Público.
Segundo o pesquisador, o bullying é um fenómeno “invisível” e que, muitas vezes, os miúdos têm dificuldade em pedir “ajuda” em casa. “Até se acham merecedores daqueles comportamentos”, alerta o investigador. 
Paulo Costa entende que as ideias sobre masculinidade e virilidade afetam “bastante” os rapazes: “Quem não se enquadra, sofre bastante”, diz.
No que toca ao bullying sexual, no qual se inclui o bullying homofóbico, os dados mostram que 5,4% das meninas de 12 anos (do 7.º ano) foram vítimas deste tipo de comportamentos, aumentando o número de casos para 6,2% no 8.º e para 11,6% no 9.º ano. O bullying sexual incluiu terem sido tocadas em partes íntimas, terem sido alvo de gestos obscenos e ainda insultadas com nomes ou frases de carácter sexual. As mesmas atitudes não apresentam, segundo os autores do estudo, diferenças significativas nos rapazes: 8,9% no 7.º ano; 12,5% no 8.º; e 16,7% no 9.º.
Por SAPO Saúde