Em março, de acordo com a Nature, os editores das publicações já enumeraram mais de 1.300 artigos científicos suspeitos.
Manipulação de gráficos ou imagens, endereços de correio eletrónico não académicos e detalhes de experiências que nunca podem ocorrer da forma como são descritos são alguns dos sinais de alerta.
O problema atingiu tais proporções que as publicações contrataram pessoas para sinalizarem os artigos falsos, como se fossem detetives.
O esquema das chamadas "fábricas de papel" é difícil de provar, pelo que raramente os editores declaram num aviso de retratação de um artigo que o mesmo é fraudulento ou que foi escrito por encomenda por uma empresa.
Aos editores das publicações é recomendado que façam uma revisão mais rigorosa dos manuscritos, pedindo por exemplo aos seus autores dados brutos. Mas até estes dados podem ser falsificados, queixam-se os editores.
Num editorial publicado em fevereiro, a revista Molecular Therapy mencionava que "o volume crescente desta 'ciência lixo' está a causar danos na credibilidade da investigação proveniente da China e a lançar cada vez mais dúvidas sobre a ciência legítima" do país.
A questão da fraude organizada nos artigos científicos não é nova e não está circunscrita à China, em particular a artigos de autores vinculados a hospitais.
Segundo Catriona Fennell, que dirige os serviços de publicação na Elsevier, a maior editora científica do mundo, a produção de artigos falsos estende-se ao Irão e à Rússia.
Na tentativa de evitar mais escândalos, como o da retirada de 107 artigos da revista Tumor Biology devido a má conduta, a China ordenou em fevereiro às instituições que fazem investigação científica, incluindo hospitais, para que não promovam ou recrutem investigadores com base nos artigos que publicam e abstenham-se de pagar prémios pelos artigos publicados.
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