Na quarta-feira, durante a apresentação de um livro do militante do PSD António Alvim, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho (2011/2015) acusou a esquerda de "desqualificar" o SNS e avisou que há reformas que só se fazem "em confronto".

"Percebemos assim uma das razões para o Governo de Pedro Passos Coelho ter falhado, porque nenhuma reforma é bem-sucedida se for feita em confronto com as pessoas. Para o PS, reformas não são cortes", contrapôs a dirigente socialista em declarações à agência Lusa a meio da reunião semanal do Grupo Parlamentar do PS.

Para Sónia Fertuzinhos, as palavras que foram proferidas por Pedro Passos Coelho devem ser interpretadas mais "em termos de posicionamento político dentro do próprio PSD do que para analisar a evolução do SNS".

"Relativamente ao que disse sobre o SNS, não nos parece que Pedro Passos Coelho possa achar que os portugueses e as portuguesas se esqueceram das opções de política pública na área da saúde por parte do Governo em que foi primeiro-ministro. É verdade que as circunstâncias eram então muito difíceis, é verdade que o memorando da troika exigia várias medidas que passavam por cortes na área da saúde, mas também é verdade, como assinalou a OCDE logo em 2013, que Portugal cortou o dobro do que era exigido no memorando" do programa de assistência financeira, sustentou a deputada do PS.

A deputada socialista defendeu depois que foi o primeiro Governo liderado por António Costa, entre 2015 e 2019, quem "recuperou 1400 milhões de euros em investimentos na área da saúde antes cortados pelo executivo de Pedro Passos Coelho".

"Esta opção política de prioridade à saúde continua hoje, quer no que respeita ao aumento dos recursos humanos, quer em investimento, quer, ainda, em modernização. Se pensarmos na capacidade que o SNS teve em responder à pandemia da covid-19, conclui-se que essa resiliência e capacidade de resposta do SNS só foi possível pela recuperação efetuada pelos governos socialistas", apontou.

Sónia Fertuzinhos advogou depois que a prioridade à saúde por parte do Governo socialista começou antes da pandemia da covid-19.

"Quando apresentou o Orçamento do Estado para 2020, no final de 2019, o SNS foi a grande prioridade e teve como grande objetivo a criação de condições para acabar com a suborçamentação do SNS - um problema estrutural, que depois contaminava todas as medidas de política de reforço. Portanto, muito antes de sabermos que íamos ser afetados pela pandemia e já depois da recuperação dos cortes de Pedro Passos Coelho, este Governo continuou a sua aposta de prioridade à saúde", acrescentou.