“Devemos utilizar esse novo estado para daqui em diante distinguir de forma racional e inteligente a boa gestão daquela que precisa de evoluir mais e que o possamos fazer dentro de uma lógica construtiva”, disse Passos Coelho, durante o discurso que fez esta manhã durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra da Ala Pediátrica do Hospital de São João (Porto).

O primeiro-ministro sublinhou ainda que mais do que "desincentivar e penalizar", deve-se "incentivar aqueles que revelam mérito".

"Creio que esse será com certeza um bom princípio que não deverá deixar de ser seguido por este centro hospitalar", sublinhou.

Passos Coelho destacou o exemplo que deram a todo o país o Centro Hospitalar de São João e a Faculdade de Medicina do Porto.

Venceram “aquilo que às vezes é sentido como injustiça relativa, ou seja, de nem sempre conseguirmos dar o maior incentivo aqueles que apresentam melhores resultados nas difíceis circunstâncias, sobretudo quando temos de ocorrer a outras situações que apesar de não terem tão boa gestão não deixam de prestar os serviços que são necessários”, disse.

“Mas - frisou - é cada vez mais indispensável que os incentivos corretos sejam dirigidos aqueles que se distinguem pelo mérito e pelos resultados e, nessa medida, é uma reclamação e uma exigência que só podemos honrar”.

Lembrou que Portugal está “paulatinamente a ganhar um pouco mais de autonomia, de palavra e de decisão” depois de “um período em que foi necessário acertar todas as decisões relevantes, que haveriam de ter impacto macro económico, com os nossos credores”.

“Mas conseguimos dar boa conta do recado, quero também hoje dar um testemunho muito direto numa área de gestão que se mostrou ser de excelência, a todos aqueles que conseguiram passar todo este período e ainda assim mostrar que é possível fazer boa gestão, prestar bons cuidados e de qualidade e atender aqueles que precisam de nós e dar uma resposta profissional a todos os que nos podem e devem procurar”, acrescentou.

A nova ala pediátrica do S. João resulta de um projeto de solidariedade e envolvimento da sociedade civil que vai custar cerca de 20,2 milhões de euros e tem um prazo de execução de dois anos.

Passos Coelho comparou este caso ao que se passa em alguns países do norte da Europa onde “os cidadãos se organizam para promoverem as respostas que pretendem para o seu microcosmo, para a sua cidade ou para a sua região”.

“O caso que temos aqui não me parece ser radicalmente diferente e merece ser elogiado e apadrinhado da mesma maneira. Isso não significa que o Estado se deve desresponsabilizar destas áreas e destas matérias, mas não podemos deixar de acolher com entusiasmo este tipo de iniciativas”, acrescentou.