
A notícia é avançada pela rádio TSF. Joaquim Pinheiro, médico que fazia parte do grupo de 52 diretores de serviço demissionários, decidiu mesmo rescindir contrato como diretor de serviço daquela unidade.
O responsável pela Unidade de Neurologia abandona funções esta quarta-feira, 31 de outubro, lamentando aquilo que chama de "trilogia dramática": carência de recursos humanos, equipamentos insuficientes e instalações degradadas. "Pessoalmente, não consigo lidar com isso e prefiro estar fora do que pactuar com isto", sublinha.
Sobre a quantidade de funcionários no serviço, "basicamente tenho o mesmo número de pessoas agora do que tinha em 2009", refere. "Com a dispensa do serviço de urgência a partir dos 50 anos e de noites a partir dos 55, os recursos ficaram mais escassos ainda", explica.
"Com a saída de duas das nossas internas e com a perspetiva de reforma de outra colega, estamos incapazes de manter o mesmo nível assistencial", acrescenta o médico.
Trabalhar ao lado de baratas
Depois, há a questão dos equipamentos: "Tenho um eletromiógrafo e um aparelho de eletroencefalografia que têm 16 anos e só têm assistência garantida até aos 8 anos", o que implica "que não confiemos nalguns resultados que obtemos".
O terceiro nível de descontentamento está relacionado com as instalações do antigo sanatório do Monte da Virgem. "Por cima do nosso serviço de neurofisiologia, está um depósito de lixo hospitalar; temos infiltrações pelas paredes com extensas manchas de bolor; temos na nossa sala de reuniões uma fossa, que às vezes rebenta e nós temos que sair; temos baratas a correr lá. E nós, isso temos suportado, porque não envolve doentes, é o nosso local de trabalho", conclui o médico.
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