Em declarações à saída da cimeira ASEM (Ásia-Europa), na qual participou entre quinta-feira e hoje, Rui Machete, que representou o Governo português no encontro de chefes de Estado e de Governo, apontou que o combate ao Ébola foi um dos assuntos em destaque na sessão de hoje, e referiu que “todas as intervenções sublinharam a necessidade de um apoio da comunidade internacional” a África, no qual Portugal está disposto a participar.

“Foi acentuada a necessidade de um esforço financeiro grande e de um esforço médico grande. Portugal, de resto, está disposto a colaborar. No sábado passado, o secretário de Estado (norte-americano, John) Kerry falou comigo a esse respeito, e eu disse-lhe que nós, certamente, iriamos colaborar, dentro das nossas possibilidades, embora naturalmente acentuando as zonas que mais nos podem interessar, que é a parte ocidental de África”, afirmou.

O chefe de diplomacia comentou que, “até agora, felizmente, não há casos nenhuns em países lusófonos, mas há situações muitíssimo graves, designadamente na Serra Leoa, Guiné-Conacri e outros países africanos”, e apontou que, na cimeira ASEM, tanto europeus como asiáticos concordaram com a necessidade de a comunidade internacional ser “generosa”, de “realmente dar um apoio substancial aos países africanos onde o Ébola se tem manifestado”, bem como “garantir a segurança de médicos e enfermeiros”.

Questionado sobre se está prevista alguma ação no quadro da CPLP (Comunidades de Países de Língua Portuguesa), Rui Machete apontou que está agendada uma reunião da organização para o próximo dia 28, na Guiné-Bissau, e disse ser “natural que (a questão) venha à superfície”, dado o risco real de o vírus atingir outros países.

Hoje mesmo, o diretor-geral de Saúde, Francisco George, disse, à chegada a Bissau, que Portugal está disponível para enviar equipas médicas para a Guiné-Bissau para manter o país livre do vírus Ébola.

"Se o governo guineense assim o requisitar, naturalmente que a resposta é positiva. É verdade [já há equipa pronta], mas depende sobretudo daquilo que as autoridades guineenses solicitarem", referiu Francisco George, que chegou na última madrugada a Bissau, acompanhado pelo presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Paulo Campos.

O objetivo da visita é reforçar os laços de cooperação entre os dois países, sobretudo agora, com o vírus à porta.

"Se apoiarmos os trabalhos de controlo de uma epidemia, os outros países ficam com menos risco", acrescentou Francisco George.

A Organização Mundial de Saúde teme um aumento expressivo do número de infeções pelo Ébola: podem subir dos atuais 1000 até a 10.000 novos casos por semana, até ao final do ano, na África Ocidental.