Pode chamar-se carne à que é criada artificialmente em laboratório? Nos EUA, a dúvida está a gerar polémica. A USCA, a associação norte-americana dos produtores de gado, acaba de lançar uma petição para pressionar a USDA, entidade que gere a política agrícola nos EUA, a proibir essa designação. A ideia é impedir que as palavras "beef" e "meat" possam surgir nas embalagens quando se iniciar a comercialização deste tipo de produtos.

Na opinião dos dirigentes da USCA, apenas a de animais nascidos, criados e abatidos segundo os métodos tradicionais pode conter essa designação nas etiquetas. Essa não é, todavia, a opinião de empresários como os da Just e da Memphis Meat, duas das companhias que estão a fabricar carne em laboratório a partir de células animais. A primeira quer colocar os seus produtos no mercado no final de 2018.

A segunda não conta fazê-lo antes de 2021. "Os alimentos sintéticos e os que são concebidos em laboratórios não podem ser designados como carne", defende a associação norte-americana dos produtores de gado. No entanto, para os fabricantes, esta não passa de uma discussão filosófica, uma vez que "ambos são compostos por células de animais e não se nota a diferença entre o sabor de uma carne e o de outra", defendem-se.

Um estudo internacional, tornado público no início de dezembro do ano passado, aponta a carne criada em laboratório e os insetos como fontes alternativas de proteína animal. "Pela saúde humana e pelo ambiente, os padrões de consumo alimentar terão que mudar", afirmam os autores da investigação, que integram um conselho que reúne as academias de ciências dos países da União Europeia, da Noruega e ainda da Suíça.