Em declarações à Lusa a propósito dos resultados finais do vacinómetro, hoje divulgados e que mostram uma redução na cobertura vacinal nos profissionais de saúde, o especialista defendeu que, para quem trabalha por turnos à tarde e à noite, “nem sempre é fácil ter acessibilidade”.
“Temos necessidade de aumentar a taxa cobertura vacinal nos profissionais de saúde, que são vítimas da doença e vetores de transmissão. É preciso criar condições de maior acessibilidade à vacina”, defendeu.
Segundo os dados finais do vacinómetro - que monitoriza a vacinação contra a gripe durante a época gripal através de questionários -, a taxa de cobertura vacinal nos profissionais de saúde ficou nos 52,6%, depois de na anterior época gripal os valores terem atingido os 64,4%.
Questionado pela Lusa, Filipe Froes diz que os dados deste vacinómetro são “globalmente positivos" pois "demonstram uma elevada taxa de vacinação global na população portuguesa, muito acima da média europeia”.
“Os dados vêm ainda realçar importância de uma ferramenta de monitorização da taxa de cobertura vacinal e, sobretudo, identificar algumas áreas onde podemos fazer mais e melhor”, disse o responsável, referindo-se, por exemplo, à vacinação dos profissionais de saúde.
Segundo sublinhou o médico, os profissionais de saúde “correm maiores riscos de ter a doença, pelo facto de estarem mais expostos a pessoas doentes e podem também correr o risco de transmitir a doença não só a doentes vulneráveis, como também aos seus familiares”.
“Como agora bem sabemos, existe evidência forte e significativa de que a infeção pelos vírus influenza também está associada a um acréscimo de complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, além da pneumonia”, lembrou.
Os dados finais do vacinómetro mostram que a taxa de cobertura vacinal nas pessoas entre os 60 e 64 anos foi de 33,4% (53,3% no anterior vacinómetro), um valor que o especialista reconheceu que também precisa de melhorar.
“Neste inquérito, um dos dados mais importantes é a má perceção que as pessoas têm sobre as possíveis complicações da gripe. Verificamos que não houve ainda uma associação clara entre a infeção pelo vírus influenza e algumas complicações cardiovasculares, cerebrovasculares e pulmonares. Temos aqui uma possível área de intervenção”, exemplificou.
Filipe Froes insistiu que, apesar da elevada taxa de vacinação, continua a haver um “impacto importante da gripe”: “isto significa que temos de acompanhar o que está a ser feito noutros países, que é aumentar a taxa de cobertura com vacinas melhor adaptadas às características imunológicas das pessoas que têm mais gripe”.
“É um caminho que temos que fazer e onde temos margem de manobra para melhorar”, acrescentou.
Lembra que nos últimos anos foram desenvolvidas e disponibilizadas vacinas de dose elevada, especificamente adaptadas para a população idosa, e que “alguns países aumentaram a sua utilização nos últimos anos na população com maior necessidade, neste caso, a população com mais de 65 anos”.
“Já fizemos a parte mais difícil, que é manter a taxa vacinação na população de 65 ou mais anos acima do valor estabelecido pela União Europeia (UE)”, considerou, sublinhando que Portugal é um dos três melhores países da UE em taxa de cobertura vacinal da gripe.
“Existindo melhores vacinas, é essa a mudança que temos de implementar”, insistiu.
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