O diretor de Pediatria do Hospital D. Estefânia defendeu hoje que a área da saúde da criança não pode sofrer racionalização de custos, uma vez que já representa uma “fatia muito pequena” do orçamento da saúde.
“Há muitos mais custos marginais a cortar noutras áreas, que não na área da saúde da criança, onde além de não terem tanto significado como noutros ramos da medicina, nomeadamente na área de medicamentos e outros, são também custos com retorno porque se tratarmos bem das crianças vão ser adultos mais saudáveis e produtivos”, afirmou Gonçalo Cordeiro, em declarações à agência Lusa.
Contudo, o pediatra não crê que vá haver "cortes substanciais" na saúde da criança, afirmando que “a fatia que se gasta nas crianças em termos do orçamento da Saúde é muito pequena”.
Gonçalo Cordeiro Ferreira falava à agência Lusa a propósito do congresso “Mais do que a soma das partes”, promovido pelo Hospital D. Estefânia, do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), que decorre entre hoje e sábado em Lisboa.
Um dos temas a abordar no congresso é a forma como as crianças estão a ser tratadas. “Tem que haver uma hierarquização de cuidados, não se pode pedir aos hospitais que estejam a fazer papel de centros de saúde, de hospitais de primeira e de última linha”, disse o pediatra.
Por outro lado, defendeu, há determinados tratamentos hospitalares de última linha que não podem ser feitos em todos os hospitais. “Têm que ser concentrados por regiões, um ou dois hospitais, para garantir a qualidade do tratamento e isso tem mesmo de ser feito”, frisou.
A redistribuição das urgências também é defendida pelo pediatra, afirmando que os hospitais não podem estar a atender todas as urgências, mas sim “urgências referenciadas”.
Sobre a inclusão do Hospital D. Estefânia no futuro Hospital de Lisboa Oriental, também conhecido como Hospital de Todos-os-Santos, que irá concentrar as principais valências e os serviços hospitalares dos Capuchos, São José, Santa Marta, Desterro e D. Estefânia, o médico afirmou que “vai ter de ser analisado”.
“Do ponto de vista económico-financeiro, eu acho que faz sentido um hospital para substituir vários hospitais. Vamos ver se há imaginação e capacidade para isso”, sublinhou o diretor da Área de Pediatria do mais antigo hospital pediátrico do país.
No entanto, frisou, “nós não queremos a todo o custo ir para um hospital só por ser novo. Queremos ir para um hospital novo que tenha toda a qualidade de assistência às crianças”.
30 de junho de 2011
Fonte: Lusa
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