"Esta situação preocupa a Ordem dos Médicos, tendo sobretudo em consideração a grande carência de médicos de família que existe no Serviço Nacional de Saúde e o facto de muitos destes médicos continuarem a ser desviados para o acompanhamento da pandemia, sem possibilidade de se assegurar resposta aos outros doentes", informa a Ordem dos Médicos em comunicado.
"Já passou cerca de um mês desde a data limite para os novos médicos de família se candidatarem aos lugares. Tiveram apenas cinco dias para apresentarem as suas candidaturas, precisamente pela urgência. No entanto, incompreensivelmente, o concurso fechou e continuam por colocar", considera o bastonário Miguel Guimarães.
"Os cuidados de saúde primários são essenciais e tendo em consideração que ainda há mais de 700 mil portugueses sem médico de família, estas contratações são particularmente importantes. Convém lembrar que muitos doentes continuam a não conseguir consulta com os seus médicos de família, pois a tutela mantém a opção de os desviar para as Áreas Dedicadas COVID-19, para o Trace COVID e para o StayAway COVID, entre outras tarefas, como o apoio aos lares", reforça Miguel Guimarães.
O médico acrescenta: "Com a aproximação do inverno e de uma segunda vaga, é urgente que o Ministério da Saúde redesenhe a sua estratégia para deixarmos de ter tantas barreiras no acesso aos centros de saúde".
Já ontem a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) considerou inaceitável o atraso na colocação de 65 médicos de família na região Centro, um mês depois da abertura dos concursos.
"Estamos a aguardar a colocação dos médicos de família, sem se perceber ainda o motivo deste atraso. Já passou mais de um mês depois da publicação do aviso de abertura do concurso e não temos respostas efetivas", criticou o presidente da SRCOM, em comunicado enviado à agência Lusa.
O presidente da SRCOM mostrou-se "extremamente preocupado", na medida em que esta semana "se assiste ao regresso da atividade escolar e está-se a aproximar a época outono/inverno", na qual se pode assistir ao "aumento ao aumento gradual das infeções respiratórias".
"Neste contexto tão sensível, os recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar continuam a aguardar a colocação para poder desempenhar adequadamente as suas funções e dar resposta à extensa lista de utentes sem médico de família", lamenta Carlos Cortes, que manifesta apreensão "para esta incúria e desorganização na gestão de recursos humanos da área da Saúde".
“Face à emergência sanitária que estamos a atravessar e às necessidades dos utentes - especialmente os mais vulneráveis - é urgente contratar os médicos recém-especialistas", reitera.
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