Miguel Guimarães defende, em comunicado, que "tem sido a procura de novos medicamentos que tem permitido que hoje seja possível controlar ou mesmo curar doenças antes incontroláveis ou incuráveis, como por exemplo algumas doenças do foro oncológico ou infeccioso".

Um participante no ensaio clínico com uma droga da farmacêutica portuguesa Bial, na fase I, morreu no domingo, depois de declarada morte cerebral, mas de acordo com a Bial uma das cinco pessoas que se encontravam ainda hospitalizadas em França, recebeu alta e regressou a casa.

O voluntário em causa, "que não apresentava quaisquer sintomas, já regressou a casa", indicou a farmacêutica em comunicado, acrescentando ter a "indicação de que os exames médicos realizados" aos restantes quatro voluntários, que ainda estão internados, "apresentam um quadro positivo".

Segundo o presidente da Ordem dos Médicos do Norte "toda a investigação original comporta riscos, normalmente pequenos".

"Um estudo publicado pelo British Medical Journal refere que, por norma, estes ensaios clínicos com novas moléculas comportam riscos de eventos adversos significativos para os voluntários na ordem dos 0,3%", frisa Miguel Guimarães.

Para este responsável do CRNOM "toda esta situação, que envolveu a perda de uma vida humana é de lamentar profundamente”.

Mas, acrescenta, “temos conhecimento que, tal como sucede em todos os ensaios clínicos, todas as regras internacionais de boas práticas clínicas, incluindo a Declaração de Helsínquia e a legislação aplicável, foram escrupulosamente cumpridas, tendo o estudo sido devidamente aprovado pelas Autoridades Regulamentares Francesas e pela Comissão Nacional de Ética Francesa".

De resto, o estudo estava a ser desenvolvido em França, "um país com um historial relevante na investigação clínica, que faz parte dos países que lideram nesta matéria".

Miguel Guimarães lamenta a situação ocorrida em França, mas reitera “toda a confiança no laboratório Bial e na respetiva equipa de investigadores”, e aguarda que "a investigação em curso levada a cabo pelas autoridades francesas e pela própria Bial possam ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu".

Ao todo, foram hospitalizados seis voluntários, que, segundo a agência noticiosa francesa AFP, receberam a dose mais elevada da molécula produzida pela Bial, testada em França pelo laboratório Biotrial.

O ensaio clínico visava testar um novo medicamento para tratar perturbações do humor como a ansiedade.

De acordo com o comunicado da Bial, o teste abrangeu 116 voluntários saudáveis, "dos quais 84 tomaram o composto experimental previamente, não tendo apresentado qualquer efeito secundário grave ou moderado".

A farmacêutica adianta que a medicação foi suspensa "a todos os participantes no ensaio", assim que tomou conhecimento de "um efeito adverso grave" num dos voluntários, a 11 de janeiro.

A Bial reitera que está a colaborar com as autoridades e entidades francesas para o apuramento das causas do incidente, assegurando que "não existe qualquer outro ensaio a decorrer com a molécula experimental" e que, até ao apuramento das causas, "não iniciará qualquer ensaio com este composto".