A Ordem dos Médicos manifestou-se “totalmente contra" a possibilidade de criar uma taxa por cada medicamento vendido nas farmácias que seja suportada pelos utentes.

Em comunicado, a Ordem mostrou-se perplexa com as propostas e argumentação apresentadas pela Associação Nacional de Farmácias (ANF), que defendeu na semana passada no Parlamento uma taxa extra por cada medicamento dispensado, uma medida de “emergência” para o setor.

“Incrédula com a notícia da possibilidade de introdução de uma taxa a pagar pelos doentes nas farmácias, por receita, a Ordem dos Médicos afirma-se totalmente contra esta medida”, refere a nota enviada à agência Lusa.

Contudo, o vice-presidente da ANF Paulo Duarte, que na semana passada foi ouvido na comissão parlamentar de saúde, nunca adiantou a quem caberia pagar esta taxa adicional por medicamento dispensado.

Para a Ordem dos Médicos, é “completamente inadmissível” pensar na hipóteses de colocar os doentes a pagar uma taxa suplementar por receita, numa altura em que as dificuldades financeiras dos utentes já obrigam a faltar a consultar e a não comprar remédios.

No comunicado, é ainda defendido que o Governo deve ponderar abrir farmácias públicas nos centros de saúde para permitir a venda de fármacos mais baratos.

A Ordem diz estar disponível para rever a política do medicamento de forma global, mas nunca para favorecer um parceiro comercial “com prejuízo dos doentes”.

Sobre a crise que a ANF diz que o setor está a viver, os médicos alegam que as farmácias não estão a contabilizar a “imensa quantidade de outros produtos vendidos”, além dos medicamentos.

“Durante anos ouvimos a ANF afirmar que os médicos não queriam prescrever genéricos e os medicamentos mais baratos. (…) Ouvimos afirmar que queriam uma lei que permitisse às farmácias trocar os medicamentos prescritos pelos médicos por outros alegadamente mais baratos. (…) Afinal, a ANF não queria vender medicamentos baratos, queria apenas trocar medicamentos por uma mera lógica de negócio”, refere o comunicado.

A ANF queixa-se de uma “situação dramática” no setor, que piora todos os dias, com já quase metade das farmácias com fornecimento de medicamentos suspensos.

4 de dezembro de 2012

@Lusa