O processo de escolha de vagas para internato começou no início do mês e terminou na segunda-feira, dia em que se soube que 158 jovens médicos tinham ficado impossibilitados de concluir a sua formação.

Em comunicado enviado para a Lusa, a OM critica que as capacidades de formação não tenham sido adequadas ao aumento de candidatos, tendo provocado este resultado que “a Ordem não desejava, nem deseja, e que penaliza e frustra as legítimas expectativas dos que não têm acesso a vagas”.

Para a Ordem, esta é “uma inevitável consequência do elevado número de médicos formados em Portugal, a que se somam as centenas de médicos, de várias nacionalidades, que imigram ou regressam a Portugal com o objetivo de aqui fazer a sua especialidade”.

A OM recorda ainda que defendeu, por várias vezes, a diminuição do numerus clausus nas Faculdades de Medicina, tendo em conta que estavam “ultrapassadas as capacidades formativas pré e pós-graduadas”.

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Para aquela organização, a falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não se deve a deficiências quantitativas ou qualitativas de formação mas sim à falta de contratação por parte do Estado, ferindo o SNS e lesando os doentes”.

Processo decorreu com tranquilidade

Apesar das críticas, a OM encontra também alguns aspetos positivos do processo, nomeadamente o facto de o processo ter "decorrido com tranquilidade, ao contrário das inexplicáveis confusões de anos anteriores".

A situação também levou a uma reação por parte da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), que lamentou a situação dos 158 jovens que ficaram sem acesso a especialidade, aos quais se juntam outros 213 jovens que desistiram e assim anteciparam a não colocação na especialidade pretendida.

A ANEM lembrou que já no ano passado houve mais candidatos do que vagas e o acesso à especialidade foi garantido para todos.

Para a associação, o processo de formação médica não se esgota na pré-graduação, devendo ser completada a nível pós-graduado, através do Internato Médico.

"A ANEM lamenta profundamente que o contrário se verifique, considerando que tal situação não só é problemática para os jovens médicos, que após sete anos de investimento na sua formação são confrontados com a impossibilidade de a terminarem, como para a sociedade em geral, dado que a criação de médicos indiferenciados terá, inevitavelmente, a médio prazo, consequências graves e diretas na prestação de cuidados de saúde em Portugal”, adiantava em comunicado enviado para a Lusa.

Também a ANEM fala num "desproporcionado aumento dos ingressos nos cursos de Medicina”, que entende ser preciso rever.