18 de novembro de 2013 - 15h02

O bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE) estimou hoje em perto de 2.500 o número daqueles profissionais que está a emigrar anualmente, cenário que, segundo Germano Couto, deverá "agravar-se" em 2014, apesar do "défice" nacional nos cuidados primários.

"Pelas declarações da Diretiva Europeia [documento que assegura a livre circulação e o reconhecimento mútuo destes profissionais] que requisitam à Ordem, estamos a ter uma emigração de 2.000 a 2.500 enfermeiros por ano", disse hoje o bastonário.

Numa visita oficial a unidades públicas de saúde do distrito de Viana do Castelo, Germano Couto recordou que estão atualmente inscritos na OE cerca de 65.000 profissionais. Destes, 35.000 trabalham no setor público, enquanto os restantes estão distribuídos pelo setor privado, instituições sociais e agora pela emigração.

"Estamos a perder massa crítica em Portugal e a hipotecar o nosso futuro. Daqui a dez, quinze anos não vamos ter quem cuide de nós", advertiu o responsável.

Ainda assim, afirma Germano Couto, o défice de enfermeiros em Portugal ronda os 25 mil profissionais, "sobretudo" na área dos cuidados de saúde primários e "segundo os próprios instrumentos de cálculo do Ministério da Saúde".

Face à redução e à demora na contratação de enfermeiros pelo setor público, Germano Couto assume que 70% da formação que é feita em Portugal já é absorvida pela emigração, nomeadamente para outros países da União Europeia.

"É um mau negócio para Portugal e um bom negócio para outros países, que vêm buscar a custo zero profissionais com a melhor qualidade que existe no mundo. Não é preciso ser economista para o saber", apontou.

Afirma, por isso, que se o Ministério da Saúde não promover a contratação de enfermeiros para o Serviço Nacional de Saúde, então o Ministério da Educação e da Ciência deverá "diminuir" o número de vagas no ensino de enfermagem.

"Isto tende a agravar, até porque as restrições económicas cada vez são maiores", admitiu ainda Germano Couto.

Os responsáveis da OE iniciaram hoje uma visita de dois dias a várias unidades de saúde do distrito de Viana do Castelo, nos quais pretendem perceber o "impacto" da crise económica e dos cortes orçamentais na prestação de cuidados de saúde.

Segundo Germano Couto, na Unidade Local de Saúde do Alto Minho, que congrega os hospitais de Viana do Castelo e de Ponte de Lima e mais de uma dezena de centros de saúde em todos os concelhos do distrito, o número de enfermeiros em falta, face às necessidades dos serviços, ronda as quatro dezenas.

Lusa