“Não podemos continuar a ignorar a evolução da ciência e da medicina, cujo conhecimento quase triplica a cada dois anos. Por isso, é essencial acompanhar de perto esta evolução e desenvolvimento e analisar e estudar o sistema de saúde português, o seu enquadramento global e as profissões de saúde, de forma a pensar hoje a saúde para 2040”, alerta o relatório das carreiras médicas hoje divulgado.

O documento, que foi hoje entregue pelo bastonário Miguel Guimarães ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, salienta que essa reflexão deve envolver todos os parceiros da saúde e que a OM já está a fazê-lo.

“Para formar um médico especialista altamente diferenciado são necessários pelo menos 11 a 13 anos só no ensino superior”, adianta o documento, ao exemplificar que, em 2040, algumas especialidades “vão necessitar de mais médicos, outras de menos médicos” e que “muito provavelmente vão ser necessárias novas especialidades, subespecialidades ou competências”.

A ordem sublinha também que a preparação global e específica dos médicos também terá de ser adaptada à evolução científica e tecnológica, apontando o exemplo da introdução da inteligência artificial na prestação de cuidados de saúde.

“Mas também terá de ser adaptada à evolução e modernização do sistema de saúde”, adianta o relatório, ao referir que, nesta evolução da medicina, o papel da "ética médica e da bioética, da comunicação, do humanismo, da solidariedade e, em especial, dos princípios e valores da relação médico doente, têm de ser reforçados e cada vez mais valorizados”.

A ordem alerta que preparar os médicos para 2040 nestas várias dimensões significa a necessidade de debater e atualizar programas de formação pré e pós-graduação.

O relatório considera, por outro lado, essencial fazer uma avaliação das “lições aprendidas com a pandemia da covid-19, ou seja, do que falta para "tornar a capacidade de resposta global mais eficiente e mais próxima dos cidadãos”.

Segundo o documento, esta é uma “oportunidade única, na área da saúde (e não só), de preparar o SNS e o sistema de saúde para responder a desafios inesperados e súbitos”, como pandemias, acidentes naturais, guerras e outras situações semelhantes.

“Nesta medida, independentemente da avaliação que já devia ter sido feita e publicada a nível geral, parece sensato desde já considerar a saúde como parte integrante da segurança nacional e preparar estruturas capazes de responder a situações emergentes em articulação com a União Europeia (reserva estratégica e estado de prontidão)”, alerta o relatório da OM.