
Esse centro hospitalar também tutela as unidades de S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis, mas foi na sua sede da Feira, no Hospital S. Sebastião, que realizou a primeira intervenção apoiada por essa tecnologia, num doente submetido a cirurgia à obesidade.
A diferença foi que, em vez de o cirurgião ter orientado os seus procedimentos por um monitor convencional instalado junto à mesa do bloco operatório, recorreu antes ao que poderá descrever-se como óculos especiais, fechados, idênticos aos simuladores de realidade virtual, mas próprios para seguir os indicadores clínicos do paciente intervencionado.
Quem avaliou o funcionamento desse novo monitor ocular foi o diretor do Serviço de Cirurgia Geral do CHEDV, Mário Nora, que reconhece várias vantagens na utilização do equipamento, começando pelo facto de ele permitir "a identificação correta dos planos de dissecção e das estruturas anatómicas" do paciente, facilitando também "a ampliação de detalhes" da sua anatomia.
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Outro benefício do novo visor 3D é que "elimina as desvantagens relativas ao posicionamento do cirurgião" face ao doente, evitando assim o que acontece no sistema convencional, que obriga o médico a alternar sucessivamente de posição "para ver os instrumentos e para ver o monitor".
Cirurgias menos cansativas e mais seguras
"O cirurgião mantém-se numa postura ergonómica, bastando mexer os olhos para alternar a visão entre as mãos e o monitor, o que permite cirurgias longas e complexas com grande diminuição da fadiga e evitando complicações derivadas de posturas muito exigentes fisicamente", explica Mário Nora. "O desempenho e a segurança são muito melhorados", realça.
Para Miguel Paiva, presidente do conselho de administração dos três hospitais do Entre Douro e Vouga, o facto de o fabricante dessa nova tecnologia ter escolhido o S. Sebastião como a unidade do país que primeiro teve oportunidade de testar o monitor 3D em contexto real deve-se à " tradição de qualidade e inovação técnica que o CHEDV tem e quer manter".
"Esta tecnologia que estamos a testar é mais um passo para continuarmos na vanguarda, pois pretendemos oferecer mais segurança aos nossos médicos, bem como a possibilidade de se diferenciarem profissionalmente", declara esse responsável. "Além disso, também queremos que os nossos utentes beneficiem das vantagens que este equipamento traz ao nível da qualidade e da segurança cirúrgicas", acrescenta.
Segundo adiantou Miguel Paiva à Lusa, caso os resultados da fase de testes demonstrem ser satisfatórios, o CHEDV pretende enquadrar o investimento necessário para aquisição do monitor 3D "nos fundos do programa Portugal 2020" - até porque a compra custará cerca de 150.000 euros.
A concretizar-se a aquisição, o diretor dos hospitais do EDV propõe-se depois avaliar a possibilidade de explorar esse recurso em "parceria com outras instituições", nomeadamente universidades e centros de investigação.
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