Destaque da temporada do Nobel, o prémio da paz, único concedido na capital norueguesa, suscita especulações de todos os tipos, pois a lista de candidatos permanece secreta.

Sabe-se apenas o número de candidatos: 318 este ano, 211 indivíduos e 107 organizações, segundo o Instituto Nobel.

"Como não existe um favorito absoluto, (...) acredito que o prémio pode ir para uma organização que proteja jornalistas, ou para jornalistas em campo", disse o diretor do Instituto de Pesquisas para a Paz de Oslo (Prio), Henrik Urdal.

"Durante os conflitos, é muito importante que os jornalistas contribuam para dar informações sobre o que aconteceu, tanto para estabelecer responsabilidades para os lados opostos como para informar o resto do mundo para que os líderes possam avaliar a situação e considerar medidas", explicou.

Já citados no passado, as ONGs francesa Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a americana Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) são mencionadas com insistência.

Num campo muito diferente, a adolescente sueca Greta Thunberg, exemplo da luta contra as mudanças climáticas, continua atual, sozinha, ou com outros militantes, tendo sido a favorita dos apostadores no ano passado.

O Nobel acabou sendo concedido ao primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed pelos seus esforços de reaproximação com a Eritreia.

Embora a RSF seja a sua favorita, Asle Sveen, um historiador do Nobel, vê Greta Thunberg como "uma candidata possível, com certeza".

Depois da paquistanesa Malala, a escandinava seria a segunda mais jovem laureada em quase 120 anos de história do Nobel.

"Embora estejamos atualmente no meio de uma pandemia, a mudança climática no longo prazo é muito mais séria" do que a covid-19, enfatiza Sveen.

Não haverá Nobel para Trump

A pandemia de coronavírus impulsionou a Organização Mundial da Saúde (OMS) como favorita nos sites de apostas on-line, à frente de Greta Thunberg.

Este prémio, que seria o 12.º da história a ser relacionado às Nações Unidas, representaria para os cinco membros do comité do Nobel uma forma de saudar o caminho do multilateralismo no combate à doença.

Mas a OMS também foi muito criticada pela sua suposta lentidão em reagir, segundo Donald Trump, devido à influência que a China ali exerce.

De qualquer modo, a indicação deve ser proposta a tempo: o estado de "pandemia" foi declarado em 11 de março, quando as candidaturas já haviam encerrado em 31 de janeiro. E os membros do comité do Nobel não podem somar as suas próprias propostas até a primeira reunião, que foi realizada em janeiro.

Outros nomes que circulam em Oslo são a ONG Transparência Internacional; a chanceler alemã, Angela Merkel; a afegã Fawzia Koofi; o Programa Mundial de Alimentos (PMA), ou a ONU e o seu secretário-geral António Guterres.

Candidaturas conhecidas, ou presumidas, reveladas pelos seus "padrinhos", incluem o povo de Hong Kong, a Otan, o cacique brasileiro Raoni Metuktire, o trio Julian Assange-Edward Snowden-Chelsea Manning e o ex-primeiro-ministro grego Alexis Tsipras e o seu colega macedônio Zoran Zaev.

A sombra da covid-19 estará presente de qualquer maneira e, devido à situação de saúde, a recompensa será entregue presencialmente em uma cerimônia de formato reduzido em 10 de dezembro, ou remotamente, por meio digital.

Embora Donald Trump tenha sido proposto para o Prémio Nobel de 2021 por dois parlamentares escandinavos, não se sabe se ele está na lista este ano.

Parece que essa recompensa atrai muito Trump quando se considera o número de tweets a este respeito, mas os especialistas acreditam pouco nessa possibilidade.

"Trump tem mais probabilidade de ganhar o Prémio Nobel de literatura pelos tuítes do que o Prémio Nobel da Paz", diz Urdal. "E não é porque ele é Donald Trump, mas porque ele não fez nada para merecê-lo", acrescentou.