De acordo com a diretora Regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a África, Matshidiso Moeti, “mesmo em tempos de crise, devemos continuar a garantir a prestação de serviços de vacinação sistemática como parte integrante dos serviços de saúde essenciais”.

“É preciso, agora mais do que nunca, aumentar os investimentos destinados à investigação e ao desenvolvimento de vacinas”, lê-se na mensagem alusiva à atual Semana Africana da Vacinação, que decorre em simultâneo com a Semana Mundial da Vacinação.

O tema deste ano é “Todos Protegidos: As Vacinas Funcionam!” e pretende celebrar “as pessoas que participam no desenvolvimento de vacinas, os profissionais de saúde que as administram e os vacinados”.

“Todos eles contribuem para a luta contra as doenças infetocontagiosas, protegendo as populações de todo o mundo. Isto nunca foi tão claro como com a atual pandemia da covid-19”, refere-se na mensagem.

Apesar de, ao longo dos últimos nove anos, a Semana Africana da Vacinação ter permitido vacinar mais de 180 milhões de pessoas, este ano as medidas de confinamento impostas pela maioria dos países, tal como o distanciamento físico, adiaram as atividades da campanha de vacinação.

Contudo, “assim que a transmissão da covid-19 for contida, uma das nossas prioridades consistirá na intensificação de atividades de vacinação suplementares de forma a garantir a cobertura vacinal de todas as comunidades, sobretudo as de maior risco”.

Matshidiso Moeti sublinhou que, graças às ações levadas a cabo pelo Fórum Africano de Regulamentação das Vacinas, as comunidades têm cada vez mais rapidamente acesso a vacinas seguras e eficazes.

E recordou que, depois de passar o processo de pré-qualificação da OMS, em novembro de 2019, o Burundi, o Gana, a Guiné, a República Democrática do Congo e a Zâmbia precisaram apenas de 90 dias para aprovar a introdução da vacina contra o Ébola, desenvolvida por um laboratório.

“Os países africanos devem realizar ensaios clínicos que cumpram os padrões internacionais, de forma a garantir que os produtos produzidos estão adaptados às necessidades regionais”, defendeu a especialista.

A transferência de tecnologia, por seu lado, “deverá permitir aumentar a produção de vacinas nos países africanos e reduzir a dependência do continente no que diz respeito à importação desses produtos essenciais”, disse.

Matshidiso Moeti alertou que, “todos os anos, mais de 30 milhões de crianças africanas com menos de cinco anos adoecem e 500.000 morrem devido a doenças evitáveis pela vacinação. Este número representa 58% dos óbitos imputáveis a essas doenças a nível mundial”.

Para reforçar a cobertura vacinal, a diretora Regional da OMS para a África defende a consolidação dos serviços de saúde essenciais de forma a se desenvolverem sistemas de saúde resilientes.

E apelou aos países para “manterem os seus serviços de vacinação sistemática, usando abordagens inovadoras e aplicando fortes medidas de prevenção e controlo de infeções nas unidades de saúde”, com vista à proteção das “comunidades contra surtos de doenças evitáveis pela vacinação nestes tempos sem precedentes”.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.423 nas últimas horas, com 31.933 casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 204 mil mortos e infetou mais de 2,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Perto de 800 mil doentes foram considerados curados.