O ciclo menstrual normal é regulado pelo hipotálamo e hipófise que enviam hormonas que vão atuar nos ovários e útero, induzindo alterações hormonais flutuantes ao longo do mês. Quando se toma contracetivos orais esse ciclo hormonal é frenado e as hormonas que o passam a controlar são as que tomamos na pílula, produzindo um ciclo com níveis hormonais constantes.
"Esta presença no organismo de níveis hormonais constantes impede a ovulação e portanto a capacidade de engravidar. Quando se interrompe a toma da pílula, apesar do organismo ficar sem essas hormonas exógenas numa questão de breves dias, a reativação do ciclo natural comandado pelo nosso hipotálamo pode demorar um pouco. Entretanto quando o ciclo do nosso organismo é restabelecido as hormonas retomam o comando", diz a médica Maria Manuel Sampaio.
A toma da pílula regulariza o ciclo menstrual, diminuindo significativamente os sintomas como síndrome pré-menstrual, dores mamárias, períodos irregulares. Este sintomas vão ressurgir, na maioria das vezes, com a interrupção da mesma. A toma da pílula também diminui o fluxo e a dor menstrual. Obviamente, na grande maioria dos casos, irá haver um aumento da hemorragia e da dor associada ao período quando interrompemos a mesma.
Acne e perda de cabelo
Se a paciente iniciou a toma da pílula por acne, pilosidade aumentada, períodos irregulares, dores menstruais, o mais provável é que sem a pílula volte a ter esses sintomas. "Quando falamos de hormonas, cada caso é um caso e, reagimos de modo diferente de acordo com o nosso organismo. Portanto, alterações da pele, como acne e perda de cabelo são muito comuns", afirma a especialista.
"Pacientes com tendência a síndrome pré-menstrual, que consiste na existência de vários sintomas tais como: irritabilidade, flutuações do humor, desejo de comer doces, retenção de líquidos a semana anterior ao período... Vão voltar a ter estes sintomas que a toma da pílula também ajuda a camuflar", acrescenta.
Muitos estudos internacionais recentes demonstraram que o peso não se altera com o inicio ou suspensão da pílula. "Dado esta evidência não parem a pílula porque acham que vai ajudar a emagrecer... O que ajuda a emagrecer é queimar mais calorias do que as que se ingere", alerta a médica.
Em alguns casos, pode demorar vários meses a retomar o ciclo menstrual, nesses casos deve ser procurado o ginecologista pois a toma da pílula pode ocultar patologias como o síndrome do ovário policístico.
Os sintomas associados
As hormonas da pílula controlam as hormonas e, havendo desregulação hormonal, todos os sintomas associados a essa desregulação vão ressurgir, na grande maioria dos casos com a interrupção da pílula:
- Aumento do fluxo menstrual
- Aumento da dor menstrual
- Aumento de acne, da pilosidade e aumento da oleosidade e queda de cabelo
- Aumento da síndrome pré-menstrual com os vários sintomas que o caracterizam (irritabilidade, flutuações do humor, desejo de comer doces, retenção de líquidos, etc).
- Gravidez pois a mulher volta a ter ovulação
Quando falamos de hormonas cada caso é um caso e reagimos de modo diferente de acordo com o nosso organismo.
Uma nota final muito importante: Não se deve fazer “pausas da toma da pílula”.
A pílula só deve ser interrompida quando se pretende engravidar, mudar de método contracetivo ou surgir uma doença incompatível com a sua toma (muito raro).
É um mito muito antigo sem validade científica. Vários estudos defendem que a toma da pílula contínua diminui o risco de cancro do ovário (diminuição de 50% após 5 anos de toma contínua, por exemplo).
As explicações da médica Maria Manuel Sampaio, especialista em Ginecologia e Obstetrícia.
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