Apesar de os números já terem sido atualizados, o país tinha registado oficialmente 13.957 casos esta quinta-feira (19) e 20 mortos, o que fez a taxa de letalidade no país ficar em 0,18%, um número muito baixo em comparação com cerca de 4% da China ou Espanha, 2,9% na França ou 8,3% na Itália.

"É algo difícil de desvendar […] Não temos resposta e é provavelmente uma combinação de vários fatores", admitiu esta semana Richard Pebody, responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Essas são algumas das hipóteses dos especialistas:

Melhor equipamento médico

Com 25.000 leitos de cuidados intensivos com assistência respiratória, a Alemanha está particularmente bem equipada, em comparação com seus vizinhos europeus. A França possui cerca de 7.000 e a Itália à volta de 5.000.

Além disso, Berlim anunciou na quarta-feira que deseja duplicar esse número nos hospitais nas próximas semanas.

No momento, os pacientes têm recebido uma atenção médica adequada e o país não teme que os seus hospitais fiquem saturados a curto prazo, como aconteceu na Itália ou no leste da França.

No entanto, isso não parece explicar a diferença no número de mortos nas primeiras semanas, pois os outros países europeus também mobilizaram os seus hospitais.

Testes precoces

"Reconhecemos rápido a doença no país, estamos adiantados em questão de diagnóstico, de detecção", afirma Christian Drosten, diretor do Instituto de virologia do hospital da Caridade, em Berlim.

Esse critério, junto com a importante rede de laboratórios independentes que existe no país, que desde janeiro começou a examinar as pessoas, permitiu diagnosticar melhor a doença e colocar em quarentena os casos que apresentavam maior risco.

Para submeter-se ao teste na Alemanha, basta apresentar os sintomas e ter estado em contato com algum caso confirmado ou ter voltado de uma área de risco.

População jovem afetada 

"Na Alemanha, mais de 70% das pessoas identificadas como infectadas até o momento possuem entre 20 e 50 anos”, explicou o presidente do Instituto Robert Koch (IRK), que dirige a luta contra a epidemia.

Num primeiro momento, a doença propagou-se entre uma população relativamente jovem e em boa saúde. Os primeiros infectados eram pessoas que tinham ido esquiar a Itália ou Áustria.

Ainda assim, resta saber se a epidemia não está apenas a começar na Alemanha. O país teme que o número de casos dispare, já que 25% de sua população tem mais de 60 anos, segundo o instituto Statistica.

Ausência de testes pós-morte

Outra hipótese para explicar a baixa taxa de mortalidade é que na Alemanha não são realizados testes de coronavírus pós-morte em pessoa falecidas.

Isso significa que quando uma pessoa morre em quarentena em casa e não no hospital, há muitas hipóteses de o seu caso não entrar nas estatísticas.

Contudo, o IRK minimizou este fator: "Partimos do pressuposto de que os pacientes são diagnosticados antes de morrer", defendeu-se o instituto à AFP.

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