Se esta hipótese for confirmada, mudaria completamente a maneira como nos devemos proteger do coronavírus e recomendaria, por exemplo, o uso de máscaras, mesmo entre aqueles que não estão doentes. Mas, por enquanto, esse não é o caso.

O que os especialistas concordam até agora é o fato de o coronavírus ser transmitido essencialmente pela via respiratória e pelo contato físico.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

A primeira forma de transmissão ocorre através de gotículas de saliva expelidas pelo paciente, por exemplo, ao tossir. É por isso que as autoridades de saúde recomendam manter uma distância interpessoal de pelo menos um metro.

Mas num estudo publicado na terça-feira pela revista médica americana NEJM, um grupo de investigadores mostrou que o coronavírus poderia sobreviver por três horas na forma de partículas suspensas no ar, chamada aerossol. Para testá-lo, projetaram o vírus no ar com uma espécie de vaporizador.

"Os nossos resultados indicam que a transmissão do SARS-CoV-2 por aerossol é plausível", concluíram os autores do estudo. Mas isso não significa que o coronavírus se espalha suspenso no ar após o paciente tossir. As condições do estudo não correspondem ao que acontece na vida real, segundo outros cientistas.

Quando um paciente tosse ou espirra, "as gotículas caem no chão mais rapidamente do que um aerossol", uma vez que são maiores e mais pesadas do que aquelas que compõem uma nuvem vaporizada, enfatiza o professor Paul Hunter, da Universidade Britânica de East Anglia.

Dentistas e hospitais

"Os aerossóis não constituem um modelo de transmissão particularmente válido", estima, acrescentando que o novo estudo "não muda nossa visão dos riscos da Covid-19".

"O risco existe especialmente quando estamos a menos de um metro de uma pessoa infectada ou tocamos superfícies onde as gotas caíram", continua.

Quando tocamos superfícies contaminadas, o risco é colocar as mãos no rosto e ser contaminado pela boca, nariz e olhos.

O estudo publicado pela NEJM mostra que o novo coronavírus é detectável por até dois ou três dias em superfícies de plástico e aço inoxidável e por até 24 horas em papelão. Mas a disseminação depende da "quantidade de vírus presente", enfatizam os investigadores.

"O conselho ainda é não se aproximar muito dos casos possíveis e lavar as mãos com frequência", afirma Hunter.

Mas, ao mesmo tempo, não se pode concluir por enquanto que uma transmissão aérea do vírus é impossível.

"Não podemos descartar completamente a ideia de que o vírus é capaz de percorrer uma certa distância no ar", disse Anthony Faucy, epidemiologista consagrado mundialmente, na rede americana NBC.

Além da população geral, os riscos de transmissão pelo ar podem ocorrer em categorias específicas, como dentistas, que, por exemplo, podem borrifar água na boca do paciente durante alguns procedimentos.

As conclusões do estudo da NEJM "são especialmente interessantes para o pessoal médico que realiza determinadas intervenções em pacientes com Covid-19 em hospitais e confirma a necessidade de se protegerem adequadamente", disse o virologista Etienne Simon-Loriere, do Instituto Pasteur em França, ao jornal Le Figaro.

Pandemia alastra

Ao todo, já morreram em todo o mundo 10.049 pessoas e há 246.522 casos contabilizados. Apenas um terço recuperou (88.486).

Itália superou a China esta quinta-feira no número de mortes por coronavírus, com 427 novos óbitos em 24 horas, o que levou a um total de 3.405, segundo dados oficiais do governo italiano.

Assim, Itália (3.405) tornou-se o país com mais mortes por COVID-19, à frente da China (3.245), Irão (1.284) e Espanha (1.002).

A doença parece estar a infetar as pessoas a um ritmo mais rápido: os primeiros 100.000 casos demoraram três meses a aparecer, mas os segundos surgiram num intervalo de apenas 12 dias, adverte a Organização Mundial de Saúde que alerta para a rápida propagação da pandemia.

Devido à pandemia, foram vários os Estados-membros da UE que adotaram medidas para promover o isolamento social, tentando assim conter o surto. Portugal incluído.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta sexta-feira a existência de seis mortes e 1.020 casos de COVID-19. O número total de infetados cresceu 235 em relação a ontem, uma subida que representa um aumento de 30% em relação aos dados de quinta-feira.

De acordo com o boletim diário da Direção-geral da Saúde (DGS), registaram-se até ao momento 1.020 casos confirmados de COVID-19 em Portugal, 850 aguardam resultado laboratorial, 5 recuperados e 9008 em vigilância pelas autoridades.

A doença já se alargou a 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a situação como de pandemia.

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