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Mais de dois mil médicos aposentaram-se entre 2010 e 2013, mas estudo apontava para menos de mil
25 de novembro de 2013 - 09h59
Nos últimos quatro últimos anos, reformaram-se 2141 médicos, mais do dobro do que estava previsto no Estudo de Necessidades Previsionais de Recursos Humanos em Saúde feito em 2009 por especialistas da Universidade de Coimbra a pedido da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
Pelas contas da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), entre janeiro e dezembro de 2009 aposentaram-se 463 profissionais. Já no ano anterior se tinha retirado 406 médicos.
São números que, apesar de ficarem muito aquém dos registados em 2010 e 2011 (anos em que houve uma autêntica corrida às aposentações, com 666 clínicos e 606 a reformar-se, respetivamente), suplantam em muito as previsões do Ministério da Saúde e têm contribuído para agravar a falta de médicos, sobretudo nos centros de saúde.
As projeções que constam no estudo encomendado pela ACSS apontavam para 982 aposentações neste período, no total. Mas só assistentes graduados seniores, que são médicos no topo da carreira, foram 641 os que saíram do SNS desde 2010, frisa o presidente da Fnam, Sérgio Esperança (a federação faz as contas das reformas a partir das listas publicadas todos os meses pela Caixa Geral de Aposentações no Diário da República).
No congresso da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que decorreu no fim-de-semana em Coimbra, foi reivindicada a abertura de concurso para assistente graduado sénior "já no início de 2014".
Para contornar o problema da falta de médicos nalguns serviços, este ano o Ministério da Saúde voltou a permitir a contratação temporária de duas centenas de reformados, mas este reforço excecional não tem sido suficiente para colmatar as lacunas.
Ainda na sexta-feira, várias pessoas manifestaram-se durante quatro horas em frente ao Centro de Saúde de Arouca, para protestar contra a falta de médicos que obriga os utentes a ir de madrugada para o estabelecimento só para conseguirem vagas para serem atendidos.
Este tipo de protestos tem-se sucedido sobretudo em centros de saúde do interior do país. “É dramático. Estamos a bater no fundo, mas já andamos a alertar [para este problema] e já sabemos disso há dez anos”, acentua Rui Nogueira, vice-presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral.
No estudo feito a pedido da ACSS, estava previsto que a maior parte dos médicos se iria aposentar a partir de 2016 até 2020, mas a alteração da idade da reforma motivou uma corrida às aposentações antecipadas.
Lusa
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