A concentração é máxima e o desligar do mundo real acontece, pelo menos durante as cercas de 4 a 5 horas em que João, de 16 anos, frequentando o 10.º ano de escolaridade, está ligado ao telemóvel no Instagram, a comunicar e a verificar páginas que lhe interessam.
Fora das aulas, e às vezes dentro dos espaços educativos de ensino, enquanto a professora debita algo, João está conectado. Nos espaços fora das aulas, João está conectado, querendo acreditar todos os dias que está a contribuir para o desenho de uma personalidade forte, exuberante, capaz de feitos que imaginou.
No silêncio da noite, depois de ter, a custo, desligado o seu telemóvel, embora querendo ficar sempre mais um pouco, um sentimento de frustração e algum desespero corre pela mente daquele jovem: “Eu sei que não sou assim… Mas eu quero mostrar que sou forte, bonito, corajoso… E que faço coisas diferentes”. Na imensidão do digital estão também lá os seus dois amigos com quem partilha desabafos. A adolescência sempre foi complexa.
João tem rede. João está sempre ligado nesse túnel de luz onde se perdem as emoções e se conectam e se constroem perfis. A mãe de João já fez de tudo e sabe que reprimir ou proibir só funciona temporariamente.
A Geração Z nasceu e navega completamente dentro de um digital onde se mistura o prazer, a dor, a inovação e a desinformação e tantas emoções onde não é preciso a razão. Falamos de saúde mental, mas também há saúde dentro do digital. O que fazer? Perguntam a geração X, os pais ou os avós babyboomers.
Entender o impacto e como funcionam os 140 caracteres do Instagram, o poder das imagens, das conversas mínimas e o efeito imediato que a comunicação assertiva, clara e positiva provoca em todas as mentes humanas, incluindo as dos mais jovens.
Perceber que para vivenciar a luz do digital, onde vivem as gerações mais jovens, significa conhecer primeiro o túnel onde caminham e, depois, proporcionar-lhes as linhas de guias do conhecimento e das capacidades do saber-fazer.
Desmistificar o medo que temos por não compreendermos, e esperar que sejamos nós, os da geração X a aprender mais com aqueles que caminham nesses espaços de luz que nos levam sempre a algum lado.
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