22 de fevereiro de 2013 - 14h01
Os mosquitos toleram os repelentes convencionais depois de terem sido expostos aos mesmos uma primeira vez, indica um estudo realizado por investigadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
A investigação – desenvolvida com a espécie “Aedes aegypti”, que transmite a dengue e a febre amarela – revela que os mosquitos ignoram a substância denominada DEET, o ingrediente mais comum nos repelentes, depois de estarem em contacto com ela uma vez.
O estudo foi divulgado na revista científica PLOS ONE.
O composto químico interfere nos recetores sensoriais daqueles insetos inibindo o desejo de picar e para estudar a resistência dos mosquitos à substância os investigadores instalaram elétrodos nas antenas dos mosquitos.
“Conseguimos monitorizar a resposta dos recetores que os mosquitos têm na antena e compreendemos que perdem sensibilidade perante a substância”, explicou à BBC James Logan, um dos autores do estudo, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
O cientista assinalou que “os mosquitos evoluem muito rapidamente”, salientando: “quanto melhor entendermos como funcionam os repelentes, mais seremos capazes de resolver o problema da resistência”.
Os especialistas recomendam a realização de mais estudos para encontrar alternativas à DEET, mas defendem que entretanto se deve continuar a usar repelentes com o composto, sobretudo em zonas de risco daquelas doenças.
Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado em janeiro refere que a dengue é a única doença tropical autónoma que se expandiu na última década e que tem potencial para se tornar uma epidemia mundial.
Nos últimos 50 anos a incidência da doença multiplicou-se por 30 e a dengue é contraída por 50 a 100 milhões de pessoas por ano, sendo que 500.000 delas padecem da versão mais grave, conhecida como hemorrágica, segundo a OMS.
O mosquito “Aedes aegypt” foi detetado na Madeira em 2005, mas só em outubro de 2012 surgiram os primeiros casos de febre de dengue, uma situação que, de acordo com os últimos dados da Direção Geral de Saúde, afetou cerca de duas mil pessoas.
Lusa