Cientistas da Universidade do Texas, em Galveston, queriam saber se os mosquitos fêmea podiam passar o vírus aos seus ovos da mesma forma que ocorre com a dengue e com a febre amarela.

Os mosquitos foram injetados com o vírus Zika em laboratório e desovaram uma semana depois. Os cientistas incubaram os ovos e criaram as larvas após a eclosão. Testes posteriores confirmaram que uma em cada 290 estava infetada com o vírus.

"A proporção pode parecer baixa, mas se considerarmos o número de mosquitos Aedes aegypti em uma comunidade urbana tropical, o mais provável é que seja alto o suficiente para permitir que o vírus persista, inclusivamente depois da morte dos mosquitos adultos infetados", comenta Robert Tesh, coautor do estudo.

"Fumigar os adultos inffetados nem sempre mata as formações imaturas de ovos, ou de larvas", afirmou Tesh, cujo estudo foi publicado no periódico American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.

Leia também: 10 cuidados ao viajar para países com Zika

Veja aindaA microcefalia faz parte da vida deles há 14 anos

"Usar inseticida reduzirá a transmissão, mas provavelmente não eliminará o vírus", acrescentou, cita a agência de notícias France Presse.

A "transmissão vertical" dos mosquitos fêmea aos seus ovos pode ajudar o vírus a sobreviver, mesmo em condições adversas, como acontece durante a temporada seca em zonas tropicais.

Agora, os investigadores têm de descobrir se a transmissão natural ocorre da mesma forma que em laboratório. "Encontrar larvas infetadas num pneu abandonado, ou num recipiente com água, poderá provar a transmissão vertical", garante Tesh.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou no início desde ano o Zika como uma emergência de Saúde internacional, devido ao facto do vírus causar malformações congénitas em fetos de mães infetadas, como a microcefalia e outros danos cerebrais graves. O Zika é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também por contacto sexual.