Segundo o estudo, publicado na revista científica Lancet Global Health, os países africanos registaram em 2021 um total de 113.102 mortes por covid-19, mas um número significativo de mortes não terá sido registado, pelo que o número real poderá ser de 350 mil.

Se as tendências de transmissão se mantiverem, o modelo da Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que até ao final deste ano ocorram 23 mil mortes, mas se surgir uma variante que seja 200% mais letal, o número de mortes pode ultrapassar 70 mil.

“No ano passado perdemos uma média de 970 pessoas por dia. É um número de vítimas catastroficamente alto”, disse a diretora da OMS para África, Matshidiso Moeti, citada num comunicado da organização.

Para este ano, a OMS prevê que o número de mortes “encolha para 60 por dia”, o que Moeti considera “uma enorme conquista para a região e um testemunho dos esforços dos países e parceiros”.

O estudo conclui que apenas um em cada 71 casos de covid-19 foi registado na região e antecipa que em 2022 ocorram 166,2 milhões de casos, contra os 227,5 milhões que terão acontecido em 2021.

A diferença entre o número de casos e mortes em 2022 deve-se ao aumento da vacinação, à melhoria da resposta à pandemia e a imunidade por infeção prévia, o que, embora não previna a reinfeção, impede as formas graves da doença e a morte.

A OMS conclui que em 2021 a região africana sofreu uma pandemia particularmente letal, estimando que a covid-19 tenha sido a sétima maior causa de morte, logo abaixo da malária, enquanto em 2020 foi a 22.ª causa de mortes na região.

O aumento significativo das mortes em 2021 deveu-se à variante Delta do SARS-CoV-2, mais infecciosa e que provocava mais doença grave.

“Aprendemos muitas lições sobre como ficar um passo à frente do vírus”, disse Moeti.

No entanto, para a diretora da OMS-África, “o trabalho ainda não está feito”

“Sempre que nos sentamos e relaxamos, a covid-19 reacende-se. A ameaça de novas variantes continua real e precisamos de estar prontos para lidar com esse perigo sempre presente”.

“Agora é o momento de refinar a nossa resposta e identificar as populações mais em risco de covid-19. Os países devem intensificar esforços para conduzir uma resposta direcionada que forneça aos mais vulneráveis os serviços de saúde de que precisam, incluindo vacinas e tratamento eficaz”, acrescentou.

A OMS conclui também que o peso da mortalidade por covid-19 tem sido desigual na região, com os países de rendimento alto e médio alto e os Estados-Membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) a registar o dobro das taxas de mortalidade dos países de rendimento baixo e médio baixo nas outras regiões de África.

A análise mostra que a variação no número de mortes foi impulsionada por fatores biológicos e físicos, principalmente comorbidades como hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crónica, HIV e obesidade, que aumentam a gravidade e o risco de mortalidade em pacientes com covid-19.