Graça Freitas foi ontem ouvida na comissão parlamentar de Saúde a pedido do PSD para "um esclarecimento cabal sobre as causas do aumento da taxa de mortalidade infantil verificado em 2018” e sobre “as eventuais medidas tomadas para contrariar o referido aumento”.

Dados da Direção-geral da Saúde (DGS) indicam que a taxa de mortalidade infantil foi no ano passado de 3,28 mortes por cada mil nados vivos, quando em 2017 tinha sido de 2,69 e em 2016 de 3,24.

Segundo Graça Freitas, os dados foram analisados por peritos que não identificaram causas para este aumento.

“Todos os peritos que foram consultados foram unânimes, olhando para todos os dados não conseguiram identificar nenhuma associação causal e tudo indica que o fenómeno da mortalidade infantil será multifatorial e que os perfis da grávida e das gravidezes parecem estar a sofrer alterações no nosso país”, afirmou.

Para a diretora-geral da Saúde, isto implica “uma pressão evidente sobre os próprios limites biológicos bem como sobre os recém-nascidos e os cuidados da mulher”.

Graça Freitas explicou que um recém-nascido poderá apresentar-se “mais frágil e mais vulnerável porque vem de condições que à partida serão menos favoráveis”, o que faz parte de uma mudança cultural.

“Os serviços de saúde têm que olhar para isto e tentar encontrar respostas adequadas como fomos capazes com os perfis que tínhamos no passado”, sustentou.

Perante esta realidade, a Direção-Geral da Saúde vai fazer recomendações, com o objetivo de identificar estes perfis e adequar cuidados às novas necessidades.

“Se está a emergir uma nova realidade temos de exercer uma vigilância ativa e mais apertada sobre estes novos perfis no sentido de confirmar se estão a ocorrer e de melhor os entender”, disse.

Para Graça Freitas, a saúde sexual reprodutiva materno-infantil tem que se ajustar aos diferentes perfis que estão a emergir seja em cuidados de vigilância pré-natal e perinatal.

No passado dia 25 janeiro, a DGS anunciou a constituição de um grupo de trabalho para estudar a mortalidade infantil com o objetivo de “melhor estudar a mortalidade infantil e as suas componentes”.

Em declarações anteriores, Graça Freitas adiantou que 194 dos 289 óbitos infantis registados em 2018 ocorreram na fase neonatal, ou seja, até aos 28 dias de vida.

Dessas 194 mortes neonatais, 100 tinham sido bebés prematuros de gestações com menos de 28 semanas, que são considerados os “grandes prematuros” e apresentam maior risco de mortalidade e de complicações associadas.