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Morcegos são reservatórios de vírus que causam várias doenças que afetam os seres humanos
23 de agosto de 2013 - 09h22
Uma população de morcegos terá sido a origem do misterioso coronavírus da Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS), surgida na Arábia Saudita e que provocou até agora 47 mortes, informaram autoridades sanitárias dos Estados Unidos.
Virologistas americanos e sauditas disseram que este vírus é 100% idêntico ao que infeta os seres humanos e que afetou pelo menos 96 pessoas.
A descoberta, feita por cientistas do Centro de Infeções e Imunidade (CII), da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, identificou pela primeira vez um hospedeiro animal para este coronavírus.
Os resultados deste trabalho foram publicados na quarta-feira na revista Emerging Infectious Diseases, difundida pelos centros federais dos Estados Unidos para o Controlo e a Prevenção de Doenças (CDC).
"Tem havido vários anúncios de descobertas de vírus similares ao MERS em animais, mas nenhum correspondia geneticamente de forma exata, como é o caso do patógeno encontrado no morcego", disse Ian Lipkin, diretor da CII e co-autor do estudo.
"Além disso, o morcego portador deste vírus estava perto do lugar, a poucos quilómetros, onde foi observado o primeiro caso de infeção humana", em setembro de 2012 na Arábia Saudita, disse.
Até agora, desconhecia-se a origem deste novo coronavírus, que raramente é transmitido entre seres humanos. A maioria dos casos - 70 em 96 - foi registrada na Arábia Saudita.
Os cientistas recolheram mais de mil amostras de sete espécies de morcegos em regiões da Arábia Saudita onde tinham sido identificados casos de MERS.
Depois de muitos testes, uma amostra de fezes de um morcego da espécie “Tumbas egípcias", encontrado perto da residência da primeira vítima conhecida do MERS, continha um coronavírus cujo DNA era idêntico ao dos agentes patogénicos encontrados nas pessoas infetadas.
No entanto, "não há evidências de contato direto entre os morcegos e a maioria dos casos de MERS humanos", destacou Ziad Memish, vice-ministro de Saúde da Arábia Saudita e co-autor do estudo.
"Levando em conta que é muito difícil a transmissão entre humanos, acreditamos que poderia haver um vetor intermediário que transmita o coronavírus às pessoas", acrescentou.
Os morcegos são reservatórios de vírus que causam várias doenças que afetam os seres humanos, como a raiva e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).
Em alguns casos, a infeção pode ser transmitida por contato direto entre os morcegos e os seres humanos, inalação acidental de aerossóis infetados, ingestão de alimentos contaminados ou, com menos frequência, pela mordida, explicaram os cientistas.
Os morcegos também podem infetar animais domésticos, que por sua vez infetam as pessoas, o que poderá ser o caso do MERS, avançam os investigadores.
SAPO Saúde com AFP
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