Adalberto Campos Fernandes está a ser ouvido pela primeira vez na Comissão Parlamentar da Saúde como ministro da Saúde, numa audição solicitada pelo PCP a propósito do caso de David Duarte, que morreu na madrugada de 14 de dezembro após ter dado entrada no São José com um aneurisma roto.

Para o ministro, que acredita que as investigações em curso irão esclarecer o que efetivamente aconteceu no atendimento do jovem, “havia que ter tido a atenção e diligência” de perceber que seria “pouco prudente” deixar de existir uma resposta, tal como havia até 2013.

A presidente do conselho de administração do Hospital de São José, Teresa Sustelo, defendeu na terça-feira ter a certeza de que o médico tomou a decisão correta no caso do jovem de 29 anos que morreu em dezembro com um aneurisma roto.

Sobre os cortes orçamentais e o seu impacto na resposta da Saúde, Adalberto Campos Fernandes disse aos deputados que “é tão errado culpar os cortes, como dizer que não têm qualquer efeito”.

“Em toda a parte do mundo, quando expomos um país a um quadro de empobrecimento, quando agravamos as condições de vida das pessoas, criamos condições para que a saúde das pessoas piore”, adiantou.

Ministro lamenta excessiva mediatização do caso

Adalberto Campos Fernandes recordou que a união entre a pobreza e a doença é “o único casamento que não se dissolve”.

O ministro reconheceu que “os países não passam só por bons momento”, defendendo que, “ perante quadros de restrição financeira, há sempre a possibilidade de escolhas diferentes”.

Sobre o anterior governo, disse que este “tentou valorizar menos o impacto dos cortes” e que tinha uma visão “relativamente fundamentalista dos cortes”.

Ainda sobre este caso da morte no Hospital São José, Adalberto Campos Fernandes lamentou a sua excessiva mediatização e afirmou que na gestão deste tipo de casos tem sido ofendida a dignidade de 120 mil profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“O SNS não é só algo que proclamamos em momentos festivos. É algo que os portugueses respeitam e temos de fazer alguma coisa para recuperar o prestígio e a boa imagem do sistema”, disse.