“Há dois grandes desafios [futuro do SNS]. Um é melhorar o acesso [aos cuidados de saúde] às populações. Temos um problema visível com os tempos e listas de espera e isso causa desconforto, além de não ajudar a imagem do SNS. Outro problema a enfrentar é a motivação dos nossos profissionais”, disse Marta Temido, à margem da sua intervenção no hospital de Santo André, unidade do Centro Hospitalar de Leiria, no âmbito das comemorações dos 40 anos do SNS.
A ministra da Saúde salientou que as “expectativas são elevadas e é difícil conseguir responder ao ritmo” dos pedidos.
“Portanto, temos de encontrar estratégias para conseguir manter as pessoas motivadas, não conseguindo sempre responder positivamente àquilo que nos pedem. Sobretudo, é transformar o SNS, pois as respostas antigas já não funcionam”, acrescentou.
Marta Temido exemplificou com o caminho que se tem feito para a hospitalização domiciliária, considerando que “não tem sentido” aumentar o número de camas de internamento.
“As questões da ‘ambulatorização’ dos cuidados de proximidade são os grandes desafios de futuro”, sublinhou.
Dirigindo-se aos deputados da Assembleia da República presentes da cerimónia, a governante lembrou que se irá entrar num “momento de discussão de estratégias políticas”, onde um dos pontos será o que se pretende para o SNS.
“Hoje, é indiscutível que todos queremos preservar e reafirmar os compromissos de António Arnaut [criador do SNS], mas precisamos também de perceber como é que fazemos isso, de passar da retórica para a prática, de deixar de produzir mais estudos e de fazer mudanças”.
Marta Temido avisou, no entanto, que as mudanças “não dependem dos outros”, mas “de cada um de vós, de cada uma das equipas”.
“Estou certa que esse é um desafio que está bem entregue e que os próximos 40 anos do SNS serão de modo a igualar aquilo que foram estes 40 anos nos seus aspetos mais positivos”.
No seu discurso, a ministra da Saúde enalteceu a capacidade dos profissionais de saúde, que “têm vindo a lutar e a construir” o SNS ao longo dos anos.
“Não podemos mais continuar com rentabilidades e produtividades que não sejam exponenciadas e maximizadas. E esse é também um dos desafios que temos no futuro. Não basta trazer mais recursos para o sistema, é necessário transformá-los em valor social para a sociedade”, adiantou, sublinhando que o SNS é uma “forma de melhorar a dignidade e qualidade de vida dos portugueses e é um hino à democracia e uma fé inabalável nas pessoas”.
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