Num estudo da revista médica The Lancet e da Fundação EAT, os cientistas recomendam consumir diariamente 300 gramas de verduras, 200 gramas de fruta, 200 gramas de cereais integrais (arroz, trigo, milho), 250 gramas de leite integral (ou equivalente) e apenas 14 gramas de carne vermelha, ou seja, dez vezes menos do que um bife.

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Para substituir as proteínas que a carne vermelha fornece, os cientistas priorizam o consumo de carne de aves (29 g), peixe (28 g), ovos (13 g) e oleaginosas como nozes e amêndoas (50 g).

Menos 11 milhões de mortes prematuras

Segundo os investigadores , este regime permitiria evitar cerca de 11 milhões de mortes prematuras por ano, ou seja, um quinto do total de mortes. Em 2050 a população mundial atingirá 10 mil milhões de indivíduos.

"A forma como comemos é uma das principais causas das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e das doenças não transmissíveis", como a obesidade, diabetes ou doenças cardiovasculares, explica um dos autores do estudo, o professor Tim Lang da Universidade de Londres.

Além disso seria bom para o planeta porque "a produção de alimentos mundial ameaça a estabilidade do sistema climático e dos ecossistemas".

"Os regimes alimentares atuais estão a conduzir a Terra para além dos seus limites e são fonte de doenças: são uma ameaça ao mesmo tempo para as pessoas e para o planeta", escreveram os autores.

O estudo, durante três anos, mobilizou 37 especialistas de 16 países. O seu objetivo é garantir um "equilíbrio entre as necessidades em termos de saúde humana e impactos ambientais". "Isto não significa que a população mundial deveria comer exatamente os mesmos alimentos", indicam os especialistas.

A nível mundial este regime permitiria duplicar o consumo de alimentos saudáveis como frutas, verduras, leguminosas e oleaginosas. O consumo de alimentos menos saudáveis, como a carne vermelha e os produtos com adição de açúcares (refrigerantes, por exemplo), deveria ser reduzido em mais de 50%, e os alimentos processados deveriam ser evitados.

"Da mesma forma que nosso sistema alimentar mudou radicalmente no século XX, acreditamos que tem que mudar radicalmente no século XXI", comenta Tim Lang.

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Estes objetivos globais ocultam enormes disparidades segundo o nível de desenvolvimento e a cultura do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, o consumo de carne vermelha é, em média, de 280 gramas.

"Mais de 820 milhões de pessoas não têm acesso a comida suficiente, 2,4 mil milhões de pessoas consomem demasiada comida, e no total cerca de metade da população mundial tem um regime alimentar com carências de nutrientes", indica o informe.

Além da mudança na alimentação, os especialistas preconizam uma mudança radical na forma de produzir, evitando a concentração em poucos tipos de cultivo, limitando a expansão das terras agrícolas que reduzem as florestas e evitando o excesso de pesca. Também é preciso reduzir pela metade o desperdício de alimentos e as perdas nos processos de produção.

Como era de se esperar, o relatório não agradou a indústria agroalimentar. "Faz propostas extremas para atrair ao máximo a atenção mas é preciso ser mais responsável quando se estabelece recomendações em termos de nutrição", disse Alexander Anton, responsável da Associação Leiteira Europeia.