As secções regionais da Ordem agendaram reuniões gerais de médicos, tendo a primeira decorrido esta quarta-feira em Lisboa, estando marcadas reuniões em Coimbra e no Porto.

“Foram debatidas várias questões importantes. Todos estiveram de acordo que a greve convocada pelas sindicados tem muitas motivações, existem várias questões que legitimam os médicos para aderirem à greve, isso foi consensual”, disse à Lusa Miguel Guimarães.

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O bastonário garantiu que a Ordem vai apoiar os médicos que decidirem aderir à greve de três dias, que começa a 08 de maio, mas salientou que isso não chega e que são necessárias outras medidas.

“Foram discutidas algumas iniciativas que vão ser implementadas. Para além das denúncias das insuficiências que existem no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e que já começaram a ser feitas pela Ordem e Sindicatos, que são muitas, é necessária uma responsabilização do Ministério da Saúde pelas deficiências que existem no SNS”, frisou.

Miguel Guimarães lembrou o caso de uma criança que esteve perto de morrer em Portimão logo após o parto, tendo sido recuperada pelo anestesista, pois não existia um pediatra no local.

“Nada foi feito, não teve nenhumas consequências. O ministro demitisse da sua responsabilidade no SNS e nós vamos começar a responsabiliza-lo”, salientou.

Entre as medidas a adotar está também uma carta de objetivos a ser distribuída pelos médicos à população, com o bastonário a defender que são necessários mais médicos, renovar os equipamentos e dar condições de trabalho dignas.

Miguel Guimarães afirmou ainda que não acredita que a greve possa vir a ser desconvocada.

“Eu não acredito que o ministro vá dar alguma coisa, já disse muitas vezes que se ia fazer isto e aquilo e na prática nunca fez. Existe um empurrar de responsabilidades para outro governo e para o ministro das Finanças, que eu não aceito. O ministro da Saúde tem de bater o pé a sério, senão vai embora”, defendeu.

“Ninguém é obrigado a estar num lugar importante se não tiver condições. Não acredito que o ministro vá conseguir impedir a greve”, acrescentou.

Sobre a elevada adesão à greve que está a decorrer dos trabalhadores do setor público da Saúde, o bastonário afirmou que é um “sinal de insatisfação”.

“Eu não me lembro, na nossa democracia, de os profissionais de saúde, de uma forma geral, estarem tão descontentes com o que está a acontecer na saúde. Não me lembro de nenhum ministro passar por três greves dos médicos”, concluiu.

Depois de duas greves nacionais em 2017, os médicos voltam a paralisar este ano, considerando que o Governo tem sido intransigente e tem desperdiçado as oportunidades de diálogo com os sindicatos.

No pré-aviso já entregue, os sindicatos entendem que a reivindicação essencial é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica.

Em termos mais concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma redução progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.